Os brasileiros não votam para escolher o próximo presidente dos EUA — como muitos gostariam, pela importância do cargo —mas tem gente por aqui que poderá fazer a diferença na eleição. São os cidadãos americanos que moram no país e enviarão seus votos pelo correio. Em uma disputa tão acirrada como a deste ano, eles podem se tornar fundamentais.

Pensando neles, há até uma campanha no Brasil com representantes dos dois partidos. Embora não entreguem santinhos nem balancem bandeiras nas esquinas, o Republicans Abroad e o Democrats Abroad existem há décadas em vários países do mundo para orientar aqueles que estão longe dos EUA durante um processo eleitoral.

No Brasil, moram cerca de 67 mil americanos, segundo estimativa do FBI (a polícia federal americana). Mais do que promover uma candidatura, porém, as duas organizações lutam juntas para incentivar esses americanos a votar, prática que não é obrigatória no país.

— Quanto mais gente vota, mais chance um lado ou o outro tem de ganhar — diz Kevin Ivers, presidente do Republicans Abroad no Brasil.

Organizações sem fins lucrativos, os dois grupos são administrados por cidadãos comuns americanos, que se reúnem apenas em época de eleição. A partir do meio do ano, eles realizam eventos para promover o voto e discutir política e as eleições. As atividades são concentradas mais em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde estão a maioria dos americanos.

— Fizemos festas para assistir à convenção democrata e aos debates presidenciais, além de reuniões menores nas casas dos integrantes do grupo — enumera Patricia Ferrari, presidente do Democrats Abroad.

Como nos EUA, o pleito deste ano promete bater recordes de votação também no Exterior. Os dois grupos não quiseram revelar o número de afiliados — ainda assim, destacaram a grande procura por informações por parte dos americanos no Brasil. Conforme Patricia, desde maio, quando o comitê do partido foi formado no país, o número de membros do Democrats Abroad por aqui aumentou 400%. Tendência confirmada pelo representante republicano.

— Recebi milhares de e-mails de gente querendo saber detalhes sobre a eleição, muito mais do que eu esperava — ressalta Ivers.

Ambos os grupos se mostram muito confiantes da vitória e defendem os candidatos de seus partidos. Para Ivers, os americanos no Brasil ficaram satisfeitos com a chapa de John McCain e Sarah Palin, que teriam se mostrado preparados para ocupar a Casa Branca. Já para a democrata Patricia, os americanos que moram no Exterior têm uma visão privilegiada do impacto das ações da atual administração na imagem do país.

— Barack Obama irá restaurar a liderança moral dos EUA no mundo — opina.