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 | 21/10/2008 17h14min

Guido Mantega diz que governo não vai cobrir prejuízo de empresas

Ministro da Fazenda falou em comissão geral no plenário da Câmara dos Deputados

Atualizada às 20h35min

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira, em audiência pública no plenário da Câmara dos Deputados, que o governo não vai arcar com prejuízos de empresas obtidos em operações de derivativos.

— Não vamos cobrir nenhum tipo de prejuízo — afirmou.

Segundo ele, essas empresas tiveram lucros nessas operações anteriormente e agora, com a desvalorização do real, tiveram prejuízos, com os quais devem arcar e "seguir a vida". O ministro destacou que as empresas que tiveram problemas são de grande porte e podem continuar a operar normalmente, apesar das perdas recentes.

Mantega disse não saber o volume exato de prejuízos das empresas com operações em derivativos. Ele também mostrou abertura para o estabelecimento de novas regulações para o mercado financeiro, lembrando que, na sexta-feira, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou novas regras para explicitação das operações de derivativos nos balanços do terceiro trimestre.

— Podemos melhorar a regulação, inclusive com a ajuda do Congresso. Sempre há uma brecha que pode ser encontrada e temos que fechar estas brechas — afirmou.

Na audiência da Comissão Geral da Câmara, Mantega afirmou ainda que o governo poderá lançar mão novamente da flexibilização dos depósitos compulsórios, "caso seja necessário". Segundo o ministro, o problema enfrentado pela economia brasileira é de liquidez, que secou no mercado externo, e não de insolvência, e, por isso, o compulsório é um instrumento adequado para se enfrentar este problema.

Crise de 1929

O ministro afirmou também que a crise internacional atual é a mais forte que sua geração "teve a oportunidade de vivenciar". Ele declarou que o momento financeiro só pode ser comparado ao de 1929, quando a Bolsa de Nova Iorque quebrou.

— Do ponto de vista da repercussão, intensidade e impacto econômico, só há comparação com a crise de 1929 — definiu.

Segundo o ministro, a crise atual é "muito mais séria" que as ocorridas nos anos 1990 (crises do México, da Ásia, da Rússia).

— Todas essas foram regionais, não surgiram no centro do sistema financeiro. Agora, estamos vivendo uma crise que tem o epicentro nos países avançados — disse.

De acordo Mantega, a "segunda fase" da crise financeira internacional vai ter impactos maiores na economia brasileira. O principal impacto, segundo ele, decorre do "secamento das linhas de crédito para o comércio exterior". Além disso, "está ocorrendo um aumento da restrição de liquidez para firmas brasileiras", afirmou.

Na opinião do ministro, embora a crise ainda não esteja superada, a fase mais aguda deve ser contornada com as ações adotadas pelos governos americano e europeus. Nesse primeiro momento, segundo ele, "não houve nenhuma conturbação para a economia brasileira, uma vez que o ano de 2007 fechou crescendo 5,4% e 2008 também começou em aceleração".

Crescimento para 2009

Em função da escassez de liquidez e de crédito no mercado internacional, o ministro afirma que o país terá de alterar as expectativas de crescimento para 2009.

— Para 2008, podemos manter as mesmas projeções, já que a economia cresceu bastante no primeiro semestre. Devemos fechar o ano com crescimento em torno de 5% — sustentou.

Já para 2009, será mais difícil atingir o objetivo de crescer 5%, admitiu, e a meta terá de ser revista para algo entre 4% e 4,5%.

Antes do ministro, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, falou durante cerca de 30 minutos. Ele revelou que a atuação da autoridade monetária no mercado de câmbio já somou US$ 22,9 bilhões desde o agravamento da crise externa, em setembro.

Com informações da Agência Câmara e da AE.

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