| 07/10/2008 15h12min
O vice-presidente da República, José Alencar, afirmou nesta terça-feira que a crise mundial de crédito "é muito séria, atingiu os mercados dos Estados Unidos e da Europa e, obviamente, o Brasil pode sofrer (as conseqüências)". Fez, porém, a ressalva de que considera a situação brasileira "bem diferente", porque, segundo ele, os bancos brasileiros não trabalham com a alavancagem (endividamento) com que trabalham os bancos dos países europeus e dos EUA.
Nesses países, disse, há casos de "mais de 30 a 40 vezes a alavancagem do patrimônio líquido dos bancos." Após participar, no Congresso, de solenidade de comemoração dos 20 anos da Constituição, Alencar afirmou, em entrevista, que a crise mundial é "de confiança — ou de desconfiança no sistema bancário". No entender do vice, porém, o sistema bancário brasileiro "está muito bem, está capitalizado e não trabalha com os abusos que aconteceram nos EUA."
Por isso, afirmou, o Brasil tem condições de passar pela crise sem
grandes problemas. Ele previu
que no Brasil não faltará dinheiro, porque "o próprio governo já tomou providências de reduzir o compulsório (dos bancos), para colocar mais recursos à disposição e aumentar a liquidez do sistema.
— O Brasil está em condições de fazer a travessia e nos levar a porto seguro.
Inflação
Alencar advertiu para a necessidade de que o Orçamento da União seja equilibrado, para se evitar inflação. Em conversa com jornalistas, Alencar, em resposta a uma pergunta sobre eventual necessidade de cortes no Orçamento em razão da crise externa, respondeu que "a responsabilidade começa com a rubrica de juros altos, e eles têm que cair."
— A rubrica orçamentária mais importante do Orçamento é a dos juros básicos, com que o Brasil rola sua dívida. Existe um orçamento de receita e despesa que precisa ser equilibrado. O que queremos é uma administração fiscal absolutamente segura, capaz, para que o Brasil conviva com um
orçamento equilibrado. O desequilíbrio orçamentário é a grande
causa de inflação. Então, a responsabilidade começa com essa rubrica de juros altos. Têm que cair — disse.
GRÁFICO: entenda a crise global
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