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 | 02/10/2008 05h44min

Lula busca conselhos sobre a crise econômica fora da Esplanada

Presidente garante que Brasil não terá pacote

Carolina Bahia

Preocupado com os estilhaços da crise norte-americana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também busca socorro fora dos limites da Esplanada. Um grupo de notáveis tem aconselhado informalmente o governo, traçando cenários e ajudando a orientar decisões importantes da equipe econômica.

Opiniões de antigos amigos e economistas como os ex-ministros Antonio Palocci, Delfim Netto e o professor Luiz Gonzaga Belluzzo têm sido levadas em conta pelo presidente. Dessas conversas, saiu o consenso de priorizar a agricultura e o comércio exterior neste momento de incertezas.

— O governo tem de ficar de olho para que a paralisação do crédito não fique pior — reconhece Beluzzo.

Técnicos mergulhados no monitoramento da economia revelam que trabalham sobre cenários desenhados pelo grupo. Em um deles, traçado para médio e longo prazo, a falta de liquidez no mercado norte-americano poderá representar queda na produção de grãos nos EUA. Neste caso, o Brasil teria de estar preparado.


Em gráfico entenda a crise e confira como
foi a quebradeira dos bancos

— Se a crise se aprofundar, o último produto a ser afetado será o alimento. Se houver qualquer oportunidade de mercado, temos de estar prontos para aproveitá-lo — diz um assessor da área econômica.

O próprio presidente Lula tem mantido contato direto com os ministros envolvidos nas ações emergenciais. Na última segunda-feira, logo que foi informado do agravamento da situação nos EUA, disparou telefonemas para os ministros da força-tarefa. Em viagem a Porto Alegre, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, foi um dos surpreendidos com o presidente do outro lado da linha. Além de falar sobre a execução do plano de safra e orientar os passos da semana, Lula alertou:

– Temos de tomar medidas, nos antecipar. Não adianta ficar reclamando da crise depois.

Brasil não terá pacote, garante presidente

Desde então, o governo está dividido em grupos de trabalho que analisam diariamente as reações de mercado. Ontem pela manhã, os ministérios da Fazenda, da Agricultura e da Agricultura Familiar, fizeram um balanço do setor. Em seguida, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que participava da reunião de coordenação Política no Planalto, informou a antecipação de R$ 5 bilhões para os agricultores.

Além de contar com os notáveis, Lula elegeu um comitê de crise para medidas de curto prazo. Mantega e os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco Nacional de Desenvlvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, estão à frente dos trabalhos. Nos últimos dias, também os impactos políticos estão sendo consideradosTanto que Lula mudou o tom de seu discurso, considerado otimista demais até pelos assessores mais próximos. Ainda assim, ontem, a ordem do Planalto era banir a expressão “pacote” do anúncio das medidas emergenciais.

— Não tem pacote. O que pode acontecer com alguns países é que a crise gere problemas de crédito. Mas tenho me reunido sistematicamente com ministros e com o presidente do Banco Central — disse Lula.

Inacio Rosa, EFE  / 

Presidente Lula tem mantido contato direto com ministros envolvidos em ações emergenciais
Foto:  Inacio Rosa, EFE


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