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 | 30/09/2008 23h34min

Brasil, Venezuela, Bolívia e Equador reconhecem que crise ameaça América Latina

Líderes dos quatro países asseguraram que estão tomando medidas para conter os efeitos do problema

Os presidentes de Brasil, Bolívia, Equador e Venezuela admitiram nesta terça-feira os riscos da crise financeira para suas economias e para a integração regional, embora tenham tentado demonstrar solidez diante das turbulências. 

— Temos a mesma previsão. A crise é muito séria e tão profunda que não sabemos o tamanho. Talvez seja a maior na história mundial — disse Luiz Inácio Lula da Silva após um encontro com seu colega venezuelano, Hugo Chávez, na cidade de Manaus. 

— A crise é interminável. Ninguém sabe onde termina. Estão fechando bancos até na Alemanha, na Holanda e em Luxemburgo. Tomara que a crise não atinja nenhum povo. Tomara que os Estados Unidos consigam resolvê-la rápido — complementou o chefe de Estado da Venezuela.

Após a reunião entre Lula e Chávez, se somaram ao encontro os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa, que levaram para debate o tema da integração regional, mas que também se mostraram preocupados com as turbulências no mercado global e asseguraram que estão tomando medidas para conter os efeitos da crise.

Reiterando o que disse há uma semana na Assembléia Geral da ONU, Morales afirmou que a causa do problema atual está no "modelo" da economia e que "onde está o capitalismo, há saque, exploração e pobreza".

O presidente boliviano também enfatizou que "os pobres não devem pagar pela crise dos ricos", e comparou, com um tom de ironia, a nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia com as tentativas para solucionar a situação nos Estados Unidos. 

— Na Bolívia, nacionalizamos para que o povo tivesse dinheiro, mas nos Estados Unidos querem nacionalizar a dívida e a crise das pessoas que têm mais dinheiro — declarou o chefe de Estado.

Já Correa disse que o maior risco para a América Latina está na provável desvalorização das matérias-primas e do petróleo, que ocupam lugar de destaque na pauta de exportações da região. 

— Chegará o dia em que não dependeremos do que acontecer nos Estados Unidos, e só então a América Latina terá conquistado sua própria soberania — declarou o presidente equatoriano, que disse concordar com Lula neste aspecto.

No encontro, os chefes de Estado dos quatro países analisaram alternativas para minar uma crise que pode reduzir a oferta de crédito e dificultar alguns grandes projetos de integração viária e energética que existem na região.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse que uma das possibilidades discutidas foi a ativação do Banco do Sul, um projeto aprovado há quase um ano e que ainda não saiu do papel por "impedimentos burocráticas", denunciou hoje Chávez, que durante anos lutou pela criação da entidade.

A constituição do Banco do Sul foi assinada em dezembro de 2007, por Brasil, Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela, e a previsão era que a instituição começasse a operar este ano, com um capital de US$ 7 bilhões.

Fontes brasileiras disseram que o acordo relacionado ao banco obtido hoje por Lula, Morales, Correa e Chávez terá que ser discutido com os outros membros da União de Nações Sul-americanas (Unasul).

Porém, esclareceram que o prazo para a entidade entrar em operação deverá ser estendido, por causa até da crise financeira, que pode impedir alguns países da região de cumprir as cotas de contribuição ainda não estabelecidas.

Em relação à integração, os quatro presidentes decidiram avançar na construção de uma rede de estradas entre Brasil e Equador, ao qual Bolívia, Peru e Venezuela poderiam aderir.

O projeto pretende unir a cidade portuária de Manta, no litoral do Equador, à de Manaus, no coração da Amazônia brasileira, e de onde outro eixo viário partiria em direção a Santa Elena del Uairén, no sul venezuelano.

Amorim disse que, para dar prosseguimento às discussões, haverá em 15 dias uma reunião de nível ministerial, para a qual um representante do Peru será convidado.

EFE
 
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