Notícias

 | 27/09/2008 03h52min

Petróleo do pré-sal pode alcançar costa gaúcha, diz diretor da ANP

Projeção vai demorar para ser confirmada, porque a área da Bacia de Santos é a prioridade no momento

Existe a possibilidade de que a área do pré-sal, inicialmente delimitada entre o Espírito Santo e o norte de Santa Catarina, chegue ao Rio Grande do Sul.

A informação é de Haroldo Lima, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que esteve ontem em Porto Alegre e visitou a Redação de Zero Hora.

Embora ainda seja uma hipótese, o redimensionamento da região mais rica em petróleo do país pode embutir agradáveis surpresas aos gaúchos. Indício que reforça a tese de um pré-sal gaúcho, a Petrobras anunciou ontem que vai iniciar exploração em Itajaí (SC).

A estatal também confirmou mais cerca de 150 milhões de barris de óleo leve no bloco BM-S-40, em águas rasas ao sul da Bacia de Santos. Membro da comissão que discute as novas regras para o pré-sal, Lima prevê resultados para novembro.

“Essa descoberta muda a história do petróleo no Brasil”
Entrevista: Haroldo Lima, diretor-geral da ANP

Leia trechos da entrevista concedida a Zero Hora por Haroldo Lima, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis:

Zero Hora — A cada nova estimativa, comprova-se a informação que o senhor deu no início do ano. Por que o número foi divulgado naquele momento?

Haroldo Lima —
Apresentei dados registrados na ANP, consolidados, e falei também que havia conjectura. Apresentei o que há dois meses, nos EUA, todos conheciam. Isso não deixou os especialistas surpresos, só os que lidam com a bolsa. Deu aquela reviravolta.

ZH — A reação foi surpresa?

Lima —
Sim, era um assunto conhecido, não da última semana, mas dos últimos meses. Recusei a ilação de que anunciei a descoberta, já era conhecido. Falei em 33 bilhões (de barris), e hoje estamos trabalhando, só com Tupi e Iara, com 12 bilhões.

ZH — E a quanto pode chegar?

Lima —
Além de Tupi e Iara, tem Bem-Te-Vi, Pão de Açúcar, Júpiter, mais uns oito. Todos fazem parte do chamado cluster do pré-sal, um miolo onde estão essas acumulações. Nesse miolo há provavelmente um mínimo de 12 bilhões e um máximo que vai a 70 bilhões, 80 bilhões.

ZH — Só nesse pólo?

Lima —
Só, é realmente vertiginosa. Não significa que todo o petróleo do pré-sal se resuma a isso. Essa descoberta muda a história do petróleo no Brasil. Desde 1939, quando descobrimos o primeiro campo, estávamos trabalhando para levar o Brasil à auto-suficiência. Com essas descobertas, passamos a trabalhar com um horizonte imprevisto no Brasil, de ser um grande produtor de petróleo.

ZH — Quando serão apresentadas as novas regras do pré-sal?

Lima —
O prazo de 60 dias caía perto das eleições, ia ficar complicado, parecer eleitoreiro. Então o presidente achou melhor que apresentássemos a parte propositiva depois das eleições. Pode ser ainda em outubro. Ou início de novembro.

ZH — Há uma estimativa global sobre as reservas do pré-sal?

Lima —
A única estimativa que havia, sobre a área, diminuiu um pouco. Antes eram 160 mil quilômetros quadrados (800 quilômetros de comprimento por 200 km de largura), hoje estamos calculando em torno de 122 mil quilômetros quadrados. São coisas muito incertas, aproximadas, mas é uma grande extensão. Há perspectivas de que pode ir mais ao Norte, como de que pode chegar mais ao Sul, passando pelo Rio Grande do Sul, e segundo dizem alguns, chegando à Argentina. São estudos, hipóteses, não tem nada confirmado.

ZH — Quando se saberá?

Lima —
Vai demorar. Os estudos agora se concentram no cluster, perto de Tupi. Em 2009, 2010, começa o desenvolvimento da área.

ZH — O alto investimento para a exploração está garantido?

Lima —
Os cálculos que temos é que o desenvolvimento daria uns US$ 400 bilhões. Isso significa que não são investimentos que podem dispensar a concorrência de diversos agentes. Não temos condições de bancar sozinhos. Já conversei sobre isso com representantes de grandes agências, que disseram: “Vamos nos adaptar, qualquer mudança que haja, estamos aí.” O cuidado que se deve ter é que o tempo não se prolongue, porque ninguém vai ficar esperando para investir ali, pode ir para outro lugar. A questão é o tempo, não o tipo de contrato.

ZERO HORA
Daniel Marenco  / 

Haroldo Lima, diretor-geral da ANP concedeu entrevista à Zero Hora
Foto:  Daniel Marenco


Comente esta matéria
 
SHOPPING
  • Sem registros
Compare ofertas de produtos na Internet

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.