| 22/09/2008 23h47min
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, a produção de biocombustíveis como uma oportunidade para a África e a eliminação de barreiras comerciais que impedem o desenvolvimento agrícola do continente. Durante evento na ONU sobre o desenvolvimento da África, Lula disse que o dilema entre a produção de alimentos e de biocombustíveis é falso e que, com responsabilidade, há espaço para ambos.
Para Lula, é preciso que haja uma aliança para derrubar as barreiras estruturais ao desenvolvimento africano. Lula disse que a busca da paz e da prosperidade da África é uma das prioridades da política externa brasileira, lembrando que desde o início do governo já viajou para o continente oito vezes, visitando 20 países. De acordo com o presidente, o comércio entre o Brasil e o continente africano aumentou cinco vezes desde 2002.
Segundo Lula, por ser o segundo país de população negra no mundo, o Brasil se
reconhece como uma nação
africana e enfrenta dificuldades semelhantes às da África:
— O Brasil já conseguiu cumprir muitas das Metas do Milênio. E queremos ajudar nossos irmãos africanos a cumprir as suas.
Ele disse que os países ricos devem ajudar o desenvolvimento da África e que os africanos não precisam de atitudes paternalistas, mas de parcerias para realizar as potencialidades de seus recursos naturais e humanos.
— A África não pode ser eternamente um campo de disputa do colonial, em suas velhas e novas manifestações. Tem de se transformar-se em um ponto de convergência da solidariedade internacional — defendeu.
Quarta Frota da Marinha Americana
Durante o evento, o presidente declarou estranhamento na reativação da Quarta Frota da Marinha Americana no Oceano Atlântico, logo após a descoberta do petróleo na camada pré-sal.
— Estranhamos que, depois que encontramos o petróleo, a Quarta Frota vá tomar conta do
Atlântico exatamente na área que tem petróleo. Penso que não tem
problema, a nossa preocupação agora é tentar explorar esse petróleo e fazer com que ele possa ajudar o povo brasileiro a mudar de vida — disse.
Lula afirmou que já conversou com o presidente George Bush sobre o assunto. Ao comentar a crise financeira nos Estados Unidos, que atinge toda a economia mundial, Lula disse que é preciso haver medidas para dificultar a especulação financeira.
— Ninguém pode fazer de dinheiro de pensionistas um cassino. Quer ganhar dinheiro, ganhe investindo em coisas que gerem mais empregos, mais renda. Não especulando, e depois querem dividir o prejuízo com os mais pobres. Não podemos aceitar isso. Quando ganham, ganham sozinhos. Quando perdem, querem socializar, criticou Lula. Ele disse que, apesar de não haver sinais de que a crise chegue no Brasil, o governo está preocupado. Se houver recessão nos Estados Unidos, isso vai repercutir em todo o mundo.
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