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 | 11/09/2008 15h46min

Novo incidente paralisa principal gasoduto Bolívia-Brasil

Segundo embaixador, atual situação foi provocada por atos terroristas

Um novo incidente interrompeu totalmente as operações do principal gasoduto que transporta gás natural da Bolívia para o Brasil, segundo comunicado divulgado nesta quinta, dia 11, pela empresa Transierra, que administra o gasoduto. As informações são da BBC Brasil.

De acordo com a Transierra, uma válvula de segurança na estação de Buena Vista, a 70 quilômetros de Villa Montes, foi "manipulada", o que interrompeu totalmente o serviço prestado pelo gasoduto Yacuíba-Rio Grande (GASYRB). "Atualmente, desconhecemos a forma como se efetuou essa manobra e se há danos. Já mobilizamos pessoal para tomar as medidas necessárias." Empresa afirmou ainda que "até esta madrugada, a área ainda estava em chamas", motivo pelo qual não foi possível ter acesso ao local para avaliar os danos.

O duto transporta cerca de 17 milhões de metros cúbicos de gás, mais da metade dos mais de 30 milhões de metros cúbicos fornecidos diariamente pela Bolívia. A demora em retomar as operações poderia reduzir à metade o volume de exportações do hidrocarboneto para o Brasil, informou à BBC Brasil um porta-voz da Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos. Segundo ele, a empresa quer retomar o fluxo normal "nas próximas horas".

Nesta quarta, uma explosão em outro ponto do mesmo gasoduto teria reduzido em três milhões de metros cúbicos diários o envio de gás ao Brasil.

Prazo de 15 dias

O fornecimento deve ser normalizado no prazo de dez a 15 dias, de acordo com o ministro da Fazenda boliviano, Luis Alberto Arce.

– Estamos militarizando não apenas os pontos petrolíferos e de gás, mas também reforçando os locais suscetíveis de atentados terroristas. É importante mencionar que a empresa estatal de petróleo já começou a reparação desse duto e esperamos que isso possa se resolver com a maior brevidade possível.

De acordo com o ministro, o corte do fornecimento de aproximadamente três milhões de metros cúbicos de gás ao Brasil representa cerca de US$ 8 milhões diários a menos no orçamento da Bolívia. O país vizinho exporta, por mês, 30 milhões de metros cúbicos de gás natural.

Atos terroristas

O embaixador da Bolívia no Brasil, Mauricio Dofler, negou que os dois países tenham enfrentado anteriormente momentos de ameaça de corte no suprimento de gás natural em função de crises políticas. Segundo ele, a atual situação na Bolívia foi provocada por "atos terroristas" que não podem ser previstos por nenhum governo.

– Durante os últimos 35 anos que a Bolívia é provedora de gás, sobretudo nesses dois últimos anos, não houve um único dia que a produção feita nos campos da Bolívia não tenha cumprido contrato com o Brasil. São atos excepcionais vinculados ao vandalismo, organizados e premeditados. Vamos fazer o necessário para continuar sendo um parceiro confiável.

Dofler lembrou que seu governo entrou em contato com o secretário-geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro, e com o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, "transmitindo posição à respeito da situação na Bolívia e explicando quais medidas o governo está adotando para assegurar a estabilidade política interna, erradicar esses atos de terrorismo e adotar todas as medidas para que a ordem seja respeitada."

Ele reforçou que comunicado do governo brasileiro divulgado nesta quarta representa "claro respaldo" ao governo de Evo Morales e que a idéia é estabelecer um trabalho de intercâmbio de informação permanente entre autoridades brasileiras e bolivianas.

– A empresa estatal de petróleo boliviana também está trabalhando com a Petrobras. Isso é muito importante, todos os detalhes técnicos que vão resultar das inspeções vão ser comunicados.

Em relação aos pontos de fronteira entre os dois países, o embaixador se limitou a dizer que a situação "varia", admitindo que a Bolívia "lamentavelmente" registrou a tomada de algumas instituições e que isso gera "algumas dificuldades", mas reforçou que as Forças Armadas bolivianas e outras autoridades do país estão retomando o controle desses espaços. O objetivo, segundo o embaixador, é "não apenas para garantir o fluxo de gás, mas para manter o fluxo de comércio e de pessoas".

AGÊNCIA BRASIL
 
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