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 | 10/09/2008 19h27min

Petrobras deve sentir redução de gás boliviano nesta quinta

Segundo especialistas, empresa tem margem para evitar a diminuição do volume entregue

A Petrobras deve começar a sentir, a partir desta quinta-feira, os efeitos da redução no fornecimento de gás natural boliviano, por conta de danos provocados em um dos dutos que escoam a produção no sul da Bolívia. Especialistas acreditam, no entanto, que a companhia tem margem de manobra para evitar a diminuição do volume entregue às distribuidoras brasileiras, substituindo o gás boliviano por gás produzido no Brasil.

A empresa vinha mantendo pressão total no Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) para reduzir os efeitos de qualquer corte de fornecimento pelo país vizinho. Segundo um observador próximo, a medida servirá para atenuar a queda de pressão provocada pela entrada de menos 3 milhões de metros cúbicos por dia, mas não elimina por completo os efeitos. A partir desta quinta, diz, o Brasil começa a receber volumes menores, ainda que não na mesma proporção do corte boliviano.

A Petrobras, porém, conta hoje com um volume maior de produção nacional de gás, que pode suprir essa falta. O campo de Peroá, no Espírito Santo, por exemplo, está produzindo uma média de 7 milhões de metros cúbicos por dia, que chegam ao Rio através do gasoduto Cabiúnas-Vitória. Houve também aumento na produção da Bacia de Campos.

No primeiro semestre, segundo balanço da companhia, a oferta de gás nacional cresceu 38%, ou 8 milhões de metros cúbicos por dia. Até o início da noite desta quarta-feira, a companhia não havia se pronunciado sobre o assunto.

Em entrevista recente, a diretora de gás e energia da estatal afirmou que havia "margem de manobra suficiente para garantir o suprimento durante um período confiável", sem especificar qual seria o período. Além do aumento da produção, a Petrobras pode reduzir o consumo interno em suas refinarias ou plataformas, como chegou a fazer no início do ano diante da falta de gás para térmicas. Refinarias, fábricas de fertilizante e plataformas consomem atualmente 13 milhões de metros cúbicos por dia.

Outros 12 milhões são queimados ou reinjetados nos poços, seja por falta de capacidade de transporte, seja para aumentar a pressão dos reservatórios, garantindo maior fluxo de petróleo. O mercado (térmico e não-térmico) consome uma média de 53 milhões de metros cúbicos por dia. A oferta interna, incluindo gás boliviano e gás nacional, chega hoje a 60 milhões de metros cúbicos por dia.

Ministério designou dois secretáriospara acompanhar a situação

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, designou dois secretários de sua pasta para acompanhar de perto a situação do fornecimento de gás natural da Bolívia, segundo informou a assessoria de imprensa do ministério. São eles: o secretário de Petróleo e Gás, José Lima de Andrade Neto, e o secretário de Energia, Ronaldo Schuck. Segundo o ministério, os dois vão trabalhar junto com a Petrobras para monitorar a situação.

O ministério ainda aguarda a consolidação dos fatos para tomar outras decisões. A avaliação é de que as informações vindas da Bolívia de fato são confusas. Consta que houve uma fissura em um dos gasodutos que abastece o Gasbol. Ainda não está certo se esse dano foi ou não causado por uma explosão. Circulam informações de que esse problema poderá levar a um corte no fornecimento de gás ao Brasil de cerca de 3 milhões de metros cúbicos por dia, ou 10% do contrato que a Petrobras tem com a Bolívia.

A assessoria do Ministério de Minas e Energia disse que ainda não há registro de corte no fornecimento de gás para o Brasil. Mas, é importante ressaltar que o gasoduto possui uma certa capacidade de armazenamento. Assim, pode levar até dois dias para que um problema de abastecimento na origem se reflita em corte de fornecimento na ponta brasileira.

Segundo técnicos que preferiram não se identificar, se a redução de gás for mesmo de 3 milhões de metros cúbicos, por um período de 10 a 15 dias, como vem sendo comentado, isso não seria suficiente para o governo decretar algum tipo de contingenciamento. Isso porque a Petrobras teria como absorver internamente esse déficit reduzindo o consumo de gás em suas próprias instalações, como ela já fez em outras ocasiões.

Agência Estado
Dado Galdieri, AP    / 

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Foto:  Dado Galdieri, AP


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