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 | 07/09/2008 05h43min

R$ 1,5 trilhão devem mudar o rumo do Brasil

Estudos mostram cenários positivos no futuro econômico do país



Há uma tendência clara em diferentes estudos e pesquisas sobre o comportamento da economia brasileira: perspectivas muito positivas. Depois dos sinais de melhor distribuição de renda apontados pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS-FGV) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o mapeamento de investimentos feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cria a expectativa de manutenção do ritmo nos próximos anos.

– É preciso que a economia brasileira continue funcionando razoavelmente bem – adverte João Paulo dos Reis Velloso, ministro do Planejamento entre 1969 e 1979, período de maior crescimento no país.

Fernando Puga, chefe do departamento da área de pesquisa econômica do BNDES, responsável pelo estudo, aponta como destaque o forte aumento do investimento na indústria. O mapeamento 2008/2011 foi apresentado pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, na mais recente reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o “Conselhão”, diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

– O presidente estava impressionado porque, numa visita a Portugal, viu que as pessoas aclamavam investimentos de milhões. Aqui, estamos na casa do bilhão, mas a sociedade não enxergava – relata Puga.

Iniciado há três anos, o levantamento surgiu da percepção de que o patamar de investimento mudara. Os efeitos desse “processo virtuoso de crescimento”, como caracteriza Puga, podem ser projetados com auxílio de outro estudo, Brasil Sustentável, Crescimento Econômico e Potencial de Consumo, realizado pela FGV Projetos e pela consultoria Ernst & Young.

Com projeção de um salto de oitavo para quinto maior mercado consumidor do mundo até 2030, a análise está recheada de boas notícias: a cada ano, aumento da renda per capita de 3,1%, crescimento de 3,5% da massa salarial e conseqüente elevação de 3,8% do consumo (página ao lado). Os autores consideram razoáveis as condições para esse desempenho: crescimento anual de 4,3% na próxima década e 3,8% a partir de 2017, além de taxa média de investimento de 22,7%.

Nem a perspectiva de um ritmo global mais lento em relação aos anos anteriores tira o brilho das bolas de cristal bem informadas. Puga, do BNDES, explica que o destaque do mais recente mapeamento é uma aceleração maior na indústria.

– A indústria está investindo mais porque o país cresce. Com mais demanda, as empresas querem se expandir para aumentar a participação no mercado – avalia Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Conforme Monteiro Neto, a maior parcela é financiada pelo próprio lucro das empresas, o chamado auto-investimento. Com resultados robustos nas companhias, resume o industrial, o país singra um caminho virtuoso:

– O investimento é o PIB potencial. Embora não esteja no nível desejado, porque é quase todo sustentado pelo setor privado, está na direção certa.

O economista explica que os resultados permitem detectar um “crescimento robusto do investimento, autônomo em relação ao cenário internacional negativo”:

– Há projetos ligados ao desempenho do comércio internacional, inclusive de commodities, mas menos ao desempenho da economia americana e mais ao da China e da Índia.

Vacas emagreceram, mas não estão mortas

Segundo Reis Velloso, o Brasil perdeu a época das vacas gordas, quando a economia mundial crescia rápido e o país enfrentava críticas por não surfar na onda formada pelos transatlânticos alheios. Mas pondera:

– As vacas não morreram, só ficaram mais magras.

O que poderia ter sido um início de ciclo virtuoso mais antecipado foi abortado em 2004, segundo o ex-ministro, pela “mania brasileira de ter a mais alta taxa de juros do mundo”. Ainda é possível, em meio às nuvens carregadas sobre as economias mais ricas, ganhar velocidade enquanto os demais pisam no freio.

– Há três crises internacionais em curso: a que se seguiu ao estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, a de alimentos e a de energia, principalmente petróleo. Nas últimas duas, o Brasil faz parte da solução – argumenta Reis Velloso.

Esse cenário positivo sequer leva em conta o novo xodó do governo: o tesouro do petróleo do pré-sal, chamado por Lula de “passaporte para o futuro”. Segundo Puga, esses cálculos só devem entrar no quarto mapeamento. Caso o desafio da exploração da riqueza seja vencido com sensatez, o tempo no Brasil ainda pode ficar melhor.

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