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 | 14/08/2008 03h46min

Presidente eleito fala sobre posse no Paraguai

Em entrevista para ZH, Fernando Lugo conta brevemente como está se sentindo para a assumir o cargo

Daniel Scola  |  daniel.scola@rdgaucha.com.br

Isolado nos últimos dias a fim de se preparar para posse, o presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, 57 anos, tem evitado polemicas às vésperas de assumir o cargo. Nesta entrevista a Zero Hora, porém, já dá o tom do que será seu mandato: as mudanças virão. Foram uma decisão do povo ao elegê-lo.

Com a posse marcada para amanhã, Lugo usou como alicerce de sua campanha um discurso fortificado por promessas nacionalistas, como a renegociação do tratado de Itaipu (deve pleitear um aumento nos valores pagos pelo Brasil em razão de contrato estabelecido pelos dois países 35 anos atrás) e uma “ampla reforma agrária nacional”.

Nos últimos dias, integrantes do novo governo assumiram tom de cautela ao comentar o assunto. Em meio à pressão, o vice ministro do interior Carmello Caballero, afirmou que “o direito à propriedade privada está garantido” e que não haverá desapropriação sem acordo com donos de terras.

Dezesseis mil trabalhadores rurais ameaçam promover a maior invasão de terras da historia do Paraguai a partir do próximo fim de semana. É uma forma de pressão para levar o presidente eleito a implementar as promessas de uma campanha marcadamente esquerdista. Nos últimos dias, já houve casos pontuais de invasões.

O tema é sensível, especialmente para os brasiguaios, brasileiros radicados nos anos 70 em solo paraguaio. Mais preocupados ainda estão os brasiguaios que vivem na área de até 50 quilômetros da fronteira. Será proibida a venda de terras nessa área.

A tensão deve aumentar hoje, com a chegada de visitantes de toda a América Latina. Um dos grupos foi presenteado com a única aparição pública de Lugo ontem, no início da noite. Sem avisar, ele visitou seminaristas equatorianos hospedados num hotel na área central, onde ficou menos de 15 minutos. Cumprimentou o grupo, cantou e fez brincadeiras.

— Sinto-me como um jovem de 26 anos — disse ele, pensando na posse que se inicia em sessão no Congresso, às 7h, e juramento às 8h30min.

Os chefes de Estado, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, serão recebidos em um almoço.

Lugo viveu cinco anos — entre 1977 e 1982 — no Equador como seminarista. Por isso, a visita aos amigos no hotel. Na saída, cercado por seguranças em um aparato intensivo, foi abordado por três jornalistas. Entre eles, o enviado especial de Zero Hora.

"O povo pediu mudanças"

Nesta entrevista, Fernando Lugo, evita temas pontuais. Mas deixa claro, ao enviado de ZH, Daniel Scola, que suas promessas de campanha serão cumpridas. Haverá novidades.

Zero Hora — Como o senhor está a dois dias da posse?

Fernando Lugo —
Muito bem. A felicidade é grande.

ZH — Quais as primeiras mudanças que o senhor pretende implementar?

Lugo —
Foi o povo do Paraguai que decidiu pelas mudanças. As eleições democráticas de abril mostraram que os paraguaios queriam mudanças, e o povo vai viver isso a partir de agora junto com outros países aqui da América do Sul.

ZH — Sobre a situação dos brasiguaios, o que o senhor tem a dizer?

Lugo —
(inicialmente, ele fica em silêncio, enquanto um assessor interrompe a entrevista) Depois, na hora certa, vou me manifestar...

ZH — Os trabalhadores rurais prometem invadir terras a partir de sábado. Isso ameaça o início do seu mandato?

Lugo —
Não...

ZH — O senhor pretende levar adiante a discussão sobre o tratado de Itaipu?

Lugo —
Eu vim aqui para ver os meus amigos do Equador...

 
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