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 | 11/08/2008 06h56min

Estudo prevê produção maior de cana sobre a soja devido ao aquecimento global

Pesquisa estipula alterações radicais na agricultura brasileira

Rodrigo Müzell  |  rodrigo.muzell@zerohora.com.br

O aquecimento global poderá modificar a tal ponto as condições do clima brasileiro que, em vez de plantar soja e milho, os campos gaúchos poderão ser ocupados, daqui a algumas décadas, por cana-de-açúcar e café.

Dois cenários para o aumento da temperatura por conta do efeito estufa foram traçados por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no estudo Aquecimento Global e Cenários Futuros da Agricultura Brasileira, que será divulgado nesta segunda, dia 11. Na melhor hipótese, até 2100 o acréscimo seria de 1,4°C a 3,8°C. Na pior, de 2°C a 5,4°C.

Se essas elevações das temperaturas se confirmarem, percorrer uma estrada com campos de milho de um lado e de soja do outro poderá ser mais difícil, segundo o estudo: no Brasil, a área propícia a essas culturas estaria entre as mais afetadas e poderia se reduzir em 41% e 17%, respectivamente, até 2070.

Hilton Silveira Pinto, da Unicamp, e um dos coordenadores da pesquisa diz que, por esse motivo, abre-se a possibilidade de plantar culturas de clima mais quente como a cana-de-açúcar. O problema pode estar logo ali: o acréscimo de 3°C na temperatura poderia resultar em perdas de R$ 7,4 bilhões na safra brasileira de grãos já em 2020 – subindo para R$ 14 bilhões em 2070. Isso porque haverá necessidade maior de irrigação e, segundo Pinto, a água terá se tornado uma commodity a ser usada com parcimônia.

– A saída está na pesquisa, em adaptar culturas às novas condições – diz.

O analista de mercado Argemiro Brum aposta na ciência para impedir que a situação se agrave. Lembra que pesquisas de melhoramento genético já produzem grãos mais resistentes à falta de chuva.

– Imaginar hoje que plantaremos cana-de-açúcar (no futuro) é fora de propósito – afirma Brum.

Na opinião de Pinto, a principal lição do estudo, conduzido desde 2001, é a necessidade de desenvolver culturas mais tolerantes ao calor e à seca.

ZERO HORA
Luciane Kohlmann   / 

Elevação crítica da temperatura pode tornar cada vez mais difícil encontrar lavouras de soja e de milho
Foto:  Luciane Kohlmann


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