Marcelo Lara, Uberaba (MG)  |  reportagem@canalrural.com.br

Desde o início do ano, os frigoríficos vêm pressionando os pecuaristas para barrar o mercado de exportação de animais vivos para abate. Nesta semana, pela primeira vez, as lideranças da pecuária nacional deram uma resposta oficial para a indústria. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) querem que a venda de boi em pé no mercado internacional não seja sobretaxada, como pedem os frigoríficos.

A exportação de animais vivos cresceu de 100 mil para mais de 400 mil nos últimos dois anos e chamou a atenção das indústrias. O gerente de Relações Internacionais da Brazilian Catle, Gerson Simão, acredita no avanço e na consolidação deste trabalho com as novas fronteiras que começam a se abrir para os pecuaristas brasileiros.

– O Oriente Médio sinalizou que vai comprar animais vivos do Brasil. É o nosso papel vender e ajudar os pecuaristas. Estamos seguindo o exemplo da Austrália, que exporta US$ 800 milhões em animais vivos e gera 25 mil empregos diretos na cadeia produtiva – disse.

A ACNB e a ABCZ tomaram posição definitiva a favor da manutenção e da abertura de mercados para o gado em pé. A decisão vai entrar no campo político para evitar que seja criada uma sobretaxa para esse tipo de exportação. Os pecuaristas afirmam que a indústria está querendo criar uma reserva de mercado. 

Todo centavo pago a mais na arroba do boi vai ser levado a sério neste mercado que abre concorrência com os frigoríficos instalados no país. O diretor da ABCZ Frederico Diamantino afirma que a pressão foi grande e diz que estava na hora de mostrar a força do pecuarista que precisa de opções na hora de vender o boi gordo.

– Se o frigorífico quer o boi no Brasil, que pague mais e entre na concorrência com os abatedouros lá de fora – argumentou.

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