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 | 09/07/2008 19h34min

Lula é a melhor opção para negociar com as Farc, diz ex-refém Clara Rojas

Ex-deputada Clara Rojas foi seqüestrada no início de 2002 e foi libertada em janeiro de 2008

Depois de passar seis anos no meio da selva, comendo pouco mais que arroz e mandioca, fazendo caminhadas intermináveis, sendo atormentada por bombardeios e passando por um parto complicadíssimo, Clara Rojas só quer saber de olhar para a frente, de cuidar do filho Emmanuel, nascido em 2004, de se preocupar com o meio ambiente e com os reféns que permanecem em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Se possível com ajuda do Brasil.

A ex-deputada Clara Rojas, 43 anos, foi seqüestrada no início de 2002. Ela era coordenadora da campanha de Ingrid Betancourt, então candidata à Presidência da Colômbia, quando o governo suspendeu as negociações de paz com a guerrilha.

Durante uma viagem de carro ao interior do país, elas foram seqüestradas, juntamente com alguns jornalistas. Estes foram libertados em seguida. Clara achou que teria a mesma sorte, por não ter o peso político de Ingrid. Depois, passou a acreditar que ficaria só um mês em poder da guerrilha. Aos poucos, foi percebendo que aquilo era sua nova vida e era melhor se adaptar do que espernear.

Foi assim, evitando arrumar briga, que Clara conseguiu um mínimo de privacidade, como escapar dos olhares atentos dos guardas quando precisava fazer suas necessidades fisiológicas. Embora tenha contado que nunca sofreu maus-tratos, ela lembrou que viveu sob risco de vida constante, em razão dos combates na selva, com explosões de bombas.

Graças ao relacionamento que conseguiu estabelecer com os guardas, ela obteve ajuda para fazer um parto que tinha tudo para dar errado. E amoleceu o coração de guerrilheiras que não costumam ser nada gentis.

No último dia de 2007, o governo venezuelano anunciou a suspensão da liberação do grupo por falta de garantias. No mesmo dia, o governo colombiano divulgou a suspeita de que um menino conhecido como Juan David Gómez poderia ser Emmanuel. Exames de DNA feitos a partir de material genético da mãe e do irmão da refém comprovam a suspeita. Chávez não poderia liberar o garoto, conforme prometido, pois ele já estava fora do cativeiro. Em janeiro, Clara foi libertada e correu ao encontro do filho.

De lá para cá, Clara tem procurado, acima de tudo, recuperar o tempo em que ficou longe de Emmanuel, como contou em entrevista exclusiva à Agência Brasil e à TV Brasil. Porém, em seu coração de mãe, também cabem os cerca de 700 reféns que ainda estão presos na selva. Ela se comunica eventualmente com eles, por intermédio de um programa de rádio, para dar-lhes esperança e tem uma idéia bem formada sobre como o presidente Álvaro Uribe deve proceder para salvá-los.

Ela acha que Hugo Chávez e o presidente do Equador, Rafael Correa, estão desgastados. Na sua avaliação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o nome ideal para o papel de mediador de um acordo com as Farc.

A ex-refém acredita que outra ação militar, semelhante a que resultou na libertação de Ingrid Betancourt, seria um risco muito grande e que é preciso encontrar uma solução alternativa, dando um pouco de ar para que a guerrilha respire e não provoque uma tragédia. Guerrilha que, segundo ela, teve um papel histórico importante e poderia ter alcançado a paz, mas perdeu o rumo quando cruzou o caminho dos narcotraficantes e não desviou.

AGÊNCIA BRASIL
 
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