O ex-senador colombiano Luis Eladio Pérez, que permaneceu mais de sete anos seqüestrado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), deixou o país diante de ameaças de morte recebidas nas últimas semanas, informaram nesta quarta-feira fontes jornalísticas.

O ministro da Justiça e do Interior Fabio Valencia Cossio confirmou a saída do país do ex-refém e lamentou que ele não tenha feito denuncias.

— Sempre estivemos dispostos a brindar segurança às pessoas que denunciem esse tipo de ameaças. O ex-senador Pérez nunca nos comunicou. Se tivesse feito isso, teríamos dado a ele garantias — disse Cossio.

O irmão do ex-refém, Sergio Pérez, confirmou à emissora "Caracol" a saída do país de Luis Eladio e de sua família. Por sua parte, o diário "El Colombiano", de Medellín, informava nesta quarta-feira que o ex-congressista confirmou sua partida nas próximas horas.

— Já estou preparando os detalhes. Sei para onde vou, mas não vou tornar público. As ameaças são muito factíveis, mas não posso falar sobre seu conteúdo. Não vou me expor — acrescentou o ex-congressista.

Pérez foi seqüestrado em janeiro de 2001 pelas Farc, e libertado em 27 de fevereiro. Ele foi na segunda-feira à Promotoria em Bogotá prestar depoimento contra os guerrilheiros Gerardo Antonio Aguilar, conhecido como "César", e Alexander Farfán, chamado de "Enrique Gafas", detidos na operação de resgate que permitiu, em 2 de julho, a libertação de 15 reféns, entre eles a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt.

— Eles devem pagar primeiro por seus crimes de lesa-humanidade na Colômbia — disse, perante a possibilidade de que fossem extraditados aos Estados Unidos.

— Estive na Promotoria para prestar depoimento sobre Enrique Gafas e César, pois eles foram meus carcereiros. Foram eles que me torturaram, e eu não ia lá dizer que eram anjos, por medo — disse o político.

Ele acrescentou ainda que "as Farc não lhe intimidam".

— O único que me intimida é Deus, de resto ninguém — ressaltou Pérez, horas antes de deixar o país.