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 | 02/07/2008 06h59min

Lula culpa países ricos por escassez mundial de alimentos

De acordo com presidente brasileiro, falta de reposição de estoques pelas nações desenvolvidas agravou crise

No que se desenrolava como uma cúpula sem maiores emoções além da rejeição sul-americana à lei antiimigração da União Européia (UE), coube ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um dos momentos mais fortes. Lula fez uma dura acusação aos países desenvolvidos, dizendo que os estoques mundiais de alimentos estão sem reposição desde 2001. E isso, afirmou, foi incentivado pelos ricos, que "pagavam para seus produtores não produzirem".

Ao mesmo tempo, Lula anunciou a criação de um grupo de alto nível para discutir a segurança alimentar no Mercosul, durante a 35ª Reunião de Cúpula de Chefes de Estado da região realizada nessa terça-feira, dia 1º, em San Miguel de Tucumán, Argentina.

De acordo com Lula, que substitui a argentina Cristina Kirchner como presidente do bloco por seis meses, a crise alimentar tem duas particularidades: "Uma é prazerosa porque é o fato de as pessoas mais pobres estarem comendo mais (...). A outra é que até agora não se discutiu sobre os estoques reguladores que não tiveram reposição desde 2001".

O presidente brasileiro estima em 175 milhões de toneladas a quantidade de grãos consumidos dos estoques que existiam no mundo.

– E não foram repostos porque os países ricos pagavam para seus produtores não produzirem nem leite, nem outros produtos – acusou.

Segundo Lula, não está sendo discutido o mercado futuro de alimentos, "que permite que um produtor de milho ou de soja possa vender sua produção para daqui a três anos sem ter produzido". E isso, diz ele, é "extremamente grave".

Menos passaportes, mais trânsito regional

Outro assunto atual que ele considera grave é o comportamento dos países ricos em relação à crise imobiliária americana.

– Há muita coincidência entre a crise da especulação imobiliária nos Estados Unidos e as perdas que envolveram os bancos europeus e que em nenhum momento assumiram responsabilidades. Pedimos que os países ricos nos tratem com o mesmo respeito e atenção que nós os damos – disse.

Lula conclamou seus colegas sul-americanos a estudarem formas de enfrentar o movimento especulativo em torno do preço do petróleo no mercado internacional. Pediu também que tomem precauções diante da crise mundial de alimentos e energia.

Em outra frente de disputa com os países ricos, os presidentes que participaram da cúpula aprovaram declaração expressando sua rejeição à nova política migratória da União Européia. O termo "rejeição" foi incluído na declaração atendendo a um pedido do presidente da Bolívia, Evo Morales, em substituição à versão que falava em "profunda preocupação".

Morales não deixou por menos, em meio a lembranças sobre o fato de a América do Sul ter recebido imigrantes europeus séculos atrás:

– Saquearam nossos recursos naturais e nos exploraram.

A lei foi aprovada no último dia 18 pelo Parlamento Europeu e estabelece que os imigrantes ilegais podem ser presos por um período de 18 meses enquanto tramita a repatriação.

Outra medida aprovada na cúpula em Tucumán foi a que dispensa os cidadãos de 10 países da América do Sul da necessidade de apresentar passaporte em viagens dentro do bloco. Ficou definido, também, que haverá um plano de integração produtiva de pequenas e médias empresas da região. Será estabelecido um fundo financeiro para essas empresas.

ZERO HORA
Cézaro De Luca, EFE / 

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, durante a 35ª Reunião de Cúpula de Chefes de Estado, a criação de um grupo de alto nível para discutir a segurança alimentar no Mercosul
Foto:  Cézaro De Luca, EFE


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