Com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o anúncio do plano agrícola 2008/2009 deverá receber tratamento de peça de combate à inflação em ano eleitoral. O lançamento será hoje em Curitiba, no Paraná, terra política do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

Orientado para atender a conjuntura mundial no mercado de alimentos, o plano colocará à disposição R$ 78 bilhões para financiar a nova safra - R$ 65 bilhões para a agricultura empresarial, valor a ser anunciado hoje, e R$ 13 bilhões para a familiar, amanhã. Os limites de crédito das principais culturas que cada agricultor empresarial poderá obter, por exemplo, foram reajustados (confira quadro ao lado). A meta é compensar a elevação dos custos do plantio de grãos e estimular a produção. Também é esperado um acréscimo da verba com juro controlado.

De acordo com Edilson Guimarães, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, há pelo menos três safras a correção destes limites não era tão abrangente. No caso do feijão, produto importante na cesta básica dos brasileiros, o incentivo será especial. A verba retirada para custeio dessa cultura não será descontada do valor total que o produtor terá à disposição para a formação da lavoura.

Na avaliação de Carlos Sperotto, presidente da Comissão de Crédito rural da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o incremento dos limites é importante para acompanhar a elevação dos custos agrícolas e manter a capacidade produtiva das fazendas. O dirigente observa, porém, que o impacto pode ser reduzido pela dificuldade de acesso ao crédito junto aos bancos.

— É um dos passos, mas é preciso que haja a reclassificação do patrimônio dos produtores junto aos bancos para que haja uma ampliação da capacidade de crédito — disse Sperotto.

Aumento projetado na produção é de 5%

A expectativa do governo federal é de que a produção agrícola cresça 5% em relação à colheita deste ano. O último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento projetou produção recorde de 143,3 milhões de toneladas na safra 2007/2008.

Outro medida prevista no plano é a criação de uma linha de crédito para recuperação de áreas degradadas, com R$ 1 bilhão em recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e encargos financeiros de 5,75% e 6,75% ao ano. Segundo o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Edilson Guimarães, essas áreas atualmente são usadas para a pecuária de corte, mas o investimento em tecnologia poderá destiná-las ao cultivo de lavouras. Guimarães estimou que entre 60 e 70 milhões de hectares poderão ser recuperados.

Além disso, o governo decidiu quadruplicar os estoques oficiais de grãos, para ter um novo instrumento contra a alta do preço dos alimentos no país. A meta é elevar dos atuais 1,5 milhão de toneladas para 6 milhões de toneladas em 2009.