O índice Bovespa abriu o pregão desta segunda-feira em alta e avançava 1% a 65.262 pontos, refletindo uma recuperação técnica. A Bolsa brasileira tenta uma trégua esta manhã apoiada na melhora do mercado acionário norte-americano. Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em queda acentuada, de 2,97%, aos 64.613,8 pontos, ampliando para 10,99% as perdas acumuladas no mês. Só na semana passada, a Bolsa se desvalorizou 3,85%.

Portanto, é natural um respiro do mercado hoje, mas os analistas mantém uma posição de cautela em face da agenda cheia da semana, com destaque para a reunião sobre juros do banco central dos EUA, na quarta-feira, mesmo dia em que o Banco Central brasileiro divulgará o Relatório Trimestral de Inflação. Até lá, o mercado de ações deve operar em clima de expectativa.

A maioria dos analistas espera que o BC americano mantenha em 2% ao ano a taxa básica de juro nos EUA, mas há uma parcela que não descarta a possibilidade de ser decidida uma elevação na taxa por causa do avanço da inflação, puxado pela disparada do petróleo.

Nos EUA, o único indicador previsto para esta segunda-feira, o índice de atividade do Fed de Chicago, mostrou uma melhora em maio relação a abril, embora continue negativo. O índice subiu para -0,96 em maio, ante -1,23 em Abril. As bolsas em Wall Street ampliaram um pouco os ganhos após o dado, reforçando a recuperação.

Na sexta-feira passada, o índice Dow Jones fechou abaixo dos 12 mil pontos, em 11.842,7 pontos (-1,83%), o nível mais baixo desde março, refletindo as preocupações com o setor de concessão de hipotecas, automóveis e financeiro.

O preço do petróleo registra forte oscilação nesta manhã, nos mercados futuros de Nova York e Londres. Após ter iniciado o dia em alta de mais de 1%, reagindo à reunião de ontem em Jeddah, na Arábia Saudita, que discutiu os elevados preços do petróleo, a commodity inverteu a direção e era negociada por volta das 10 horas na faixa de US$ 135 o barril.

A Arábia Saudita confirmou que irá elevar sua produção de petróleo em 200 mil barris por dia. As ações da Petrobras na Bovespa devem ficar ao sabor da movimentação dos preços do petróleo no mercado internacional.

A mineradora Vale, que na sexta-feira caiu 3,5%, pode reagir hoje. Mas os contratos futuros de ouro e prata negociados em Nova York recuam com força, em reação à valorização do dólar e à desaceleração da alta do petróleo, segundo analistas.

No front doméstico, a semana começa movimentada. A inflação mostra alívio. O Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) de até 22 de junho recuou para 0,89%, ante 1,07% no índice anterior, de até 15 de junho. O dado ficou abaixo do piso das estimativas dos analistas financeiros.

Já a pesquisa Focus, com projeções de mercado divulgada pelo BC, veio ruim, como já previa o mercado. O mercado financeiro passou a projetar inflação pelo IPCA acima de 6% este ano. A projeção do IPCA subiu de 5,80% para 6,08%. Para 2009, a previsão passou de 4,63% para 4,78%.

Cyrela

Do lado corporativo, as atenções se voltam para a Cyrela Brazil Realty, que fechou acordo para incorporação da Agra Empreendimentos Imobiliários, segundo fato relevante de ambas as empresas. O capital social da Cyrela será aumentado, com a emissão de novas ações a serem entregues aos acionistas da Agra. A relação de troca será de 1 ação da Agra para 0,425 ação da Cyrela.

A combinação das duas companhias consolidará a posição de liderança da Cyrela no mercado de incorporação imobiliária com banco de terrenos de cerca de R$ 30 bilhões de vendas potenciais e lançamentos previstos para 2008 em torno de R$ 10 bilhões - sendo 65% a participação relativa da companhia combinada.