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 | 23/06/2008 03h22min

Ministro reforça plano do Brasil de aderir à Opep

Pela primeira vez, país participou de encontro internacional como produtor de petróleo

No dia em que o Brasil compareceu pela primeira vez a um encontro internacional como produtor, não apenas como consumidor de petróleo, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, reiterou ontem os planos de adesão ao cartel que regula os preços internacionais do produto, cuja alta vem inquietando o mundo. Segundo o ministro, a produção nacional deve aumentar para alcançar esse objetivo.

— Nós podemos entrar na Opep se produzirmos mais petróleo — disse Lobão em Jeddah, na Arábia Saudita.

Convocada pela Arábia Saudita, a conferência desse domingo reuniu 35 países, 25 companhias e sete organizações internacionais, mas ofereceu poucas boas notícias para retomar os negócios com petróleo na próxima semana (veja texto nesta página). Segundo Lobão, a produção brasileira de petróleo deve atingir 2,3 milhões de barris diários em 2009 - 500 mil barris acima do nível médio atual. Ao falar em nome do Brasil durante a reunião, o ministro ainda fez uma candente defesa dos biocombustíveis verde-amarelos. O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, também presente, reiterou a condição privilegiada do país:

— O Brasil tem perspectivas favoráveis, tanto no aumento considerável de petróleo, com as recentes descobertas da Petrobras, quanto na produção de biocombustíveis.

Desde que surgiram os primeiros sinais da existência de uma gigantesca reserva de petróleo numa região que vai do Espírito Santo ao Norte de Santa Catarina, na camada de pré-sal, o governo brasileiro cogita da hipótese de aderir à Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a afirmar que o ingresso teria como objetivo reduzir a pressão sobre os preços do óleo, que na sexta-feira atingiu US$ 134,62 na Bolsa de Mercadorias de Nova York. Especialistas advertem, porém, que essa meta contraria a própria finalidade do cartel, que adota cotas de produção para os países-membros como forma de valorizar o combustível.

Além da condição básica exigida para ingresso - ser exportador líquido de petróleo - o Brasil precisa se comprometer a seguir as orientações do cartel e formalizar o pedido de adesão, o que ainda não ocorreu.

Muita preocupação, poucos resultados

Como a Arábia Saudita convocou a reunião de emergência para discutir os preços do petróleo, analistas esperavam uma ação mais agressiva para conter a alta acelerada. No entanto, a confirmação do rei Abdullah de que o país aumentará a produção diária de 9 milhões para 9,7 milhões de barris, a partir de julho, não foi considerada suficiente para uma trégua.

Nos discursos, houve mais comentários e promessas do que notícias capazes de aliviar o mercado. O ministro do Petróleo saudita, Ali Naimi, disse que o país está pronto para ampliar em outros 2,5 milhões de barris por dia a produção caso seja necessário. O país já tinha planos de elevar a capacidade até o fim de 2009 para 12,5 milhões de barris diários. Essa quantidade pode chegar a 15 milhões de barris por dia nos próximos anos. Mas parece não ter sido suficiente para esfriar a especulação nos mercados.

— Nada de novo foi acrescentado. (barril a) US$ 150, aqui vamos nós — avaliou o analista americano Stephen Schork.

Além da Arábia Saudita, apenas Kuwait (400 mil barris/dia extras) e Emirados Árabes Unidos (acréscimo de 1,5 milhão de barris/dia) deram sinais concretos de aumento da produção, e ainda assim para um futuro incerto. No documento final, os participantes apelaram para um "esforço concertado" de produtores e consumidores, investimentos em produção e para a maior eficiência no consumo de energia. No sábado, o secretário de energia dos EUA, Samuel Bodman, havia afirmado que a alta se deve à insuficiência da produção, não a movimentos especulativos.

ALI HAIDER, EFE  / 

Ministro Edison Lobão (segundo à esquerda, com crachá) disse que o Brasil quer elevar produção para aderir ao cartel
Foto:  ALI HAIDER, EFE


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