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 | 10/06/2008 17h09min

Preço de cereais continuará alto por problemas de reservas e de petróleo

Valor deve se manter elevado até a próxima década

Após ter alcançado valores recordes durante os últimos meses, o preço dos cereais se estabilizará, mas se manterá elevado durante a próxima década como conseqüência do aumento da demanda, de uma redução das reservas e de um alto valor do petróleo.

Esta é uma das principais conclusões da conferência anual do Conselho Internacional de Grãos (IGC, na silga em inglês), que aconteceu hoje em Londres sob o título de "Mercados voláteis. Quem pagará o preço?".

Em seu discurso de abertura, o diretor-executivo do IGC, Etsuo Kitahara, destacou a "extraordinária" evolução que o mercado de cereais experimentou desde a última edição do evento, com uma volatilidade "impressionante" que levou algumas variedades a alcançarem preços nunca vistos na história.

Kitahara afirmou que a previsão para a colheita de 2008-2009 continua sendo "incerta" e que, enquanto no caso de alguns cereais como o trigo a oferta vá aumentar, no de outros os preços diminuirão — especialmente o milho —, o que faz com que as reservas possam permanecer "muito justas".

O executivo do IGC destacou vários fatores que impulsionam os preços dos cereais, como o aumento da demanda mundial, a alta do petróleo — o que encarece os pesticidas —, a agitação dos mercados e um crescente investimento especulativo.

O vice-secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Mark Keenum, apresentou este diagnóstico e afirmou que a mudança que o setor experimentou foi "muito rápida" e que não vai diminuir. Por isto, defendeu uma cooperação internacional que aumente a liberalização dos mercados e um desenvolvimento da tecnologia que aumente a produtividade.

Keenum chamou de "necessária" a eliminação das restrições à exportação nos países produtores, já que, afirmou, as reservas de cereais serão cada vez menores. Os últimos cálculos do IGC são de que as reservas totais de cereais em 2008-2009 alcançarão 262 milhões de toneladas, 1% a menos que no ano anterior, queda que no caso do milho será de 23%.

O diretor de política de segurança alimentar e mercados do Programa Mundial de Alimentos da ONU, Henk-Jan Brinkman, previu durante a conferência que, apesar de os cereais alcançarem seu preço máximo em 2008 ou 2009, o valor dos mesmos permanecerão elevados pelo menos durante os próximos dez anos.

Entre as questões abordadas pelos diferentes conferencistas também esteve a dos biocombustíveis, que ultimamente foram apontados como a causa da alta dos preços dos cereais.

Keenum disse que durante 2008-2009 será cultivado 20% mais milho nos Estados Unidos para a produção de etanol. A este respeito, o IGC prevê que o cultivo de milho para este objetivo crescerá no mundo todo 31% no próximo ano.

Por outro lado, Brinkman discutiu o efeito que os altos preços dos cereais têm para as pessoas mais pobres. Ele afirmou que, apesar de os preços terem diminuído, eles continuarão sendo suficientemente altos para terem grandes conseqüências para milhões de pessoas, especialmente para as crianças.

Durante a conferência, o diretor-executivo do IGC anunciou que o Conselho decidiu em sua última reunião incluir o arroz dentro da Convenção de Comércio de Cereais de 1995, o que, na sua opinião, representará uma nova fase no papel que a entidade desempenha.

EFE
 
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