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 | 06/06/2008 23h09min

Produtores agropecuários argentinos mantêm paralisação, mas aceitam negociar

Categoria deve conversar com o governo do país na próxima segunda-feira

Apesar de terem decidido continuar parados até à meia-noite de domingo, os produtores agropecuários da Argentina aceitaram conversar com o governo na segunda-feira, quando voltarão a negociar uma saída para o problema dos impostos sobre as exportações.

"A Comissão de Entidades Agropecuárias, perante a imperiosa necessidade de encontrar soluções para os problemas que afetam nosso país, faz eco aos inúmeros chamados e gestos recebidos nos últimos dias para garantir a paz social", destaca um comunicado dos produtores, que se reuniram nesta sexta-feira em Buenos Aires para definir uma postura comum em relação à crise.

Segundo a nota, os chamados para um encontro partiram do defensor público do país, Eduardo Mondino, que, "em pleno exercício de suas faculdades", conseguiu convencer as partes a retomarem o diálogo.

"A Comissão de Entidades Agropecuárias decidiu comparecer (à reunião) em cumprimento à sua obrigação cívica e, fundamentalmente, por buscar permanentemente o diálogo e as respostas que os produtores e a sociedade requerem", acrescentou o grupo de associações.

Mondino confirmou que fez um pedido formal para uma audiência entre as entidades agropecuárias e o governo, que já estão há vários dias sem estabelecer contato. O governo da presidente Cristina Kirchner, no entanto, até agora não se pronunciou sobre a reunião convocada pelo defensor público.

O encontro desta sexta dos produtores rurais, que durou mais de nove horas, aconteceu em um local não divulgado da capital, para evitar manifestações de seguidores do governo, que acabaram protestando em frente à sede das Confederações Rurais Argentinas.

A decisão de manter a paralisação até à meia-noite de domingo (que, na prática, significa um bloqueio à comercialização dos grãos destinados à exportação) foi aprovada depois de mais um dia de tensão, desta vez provocada por caminhoneiros que fecharam várias estradas para pedir ao campo e ao governo o fim do conflito.

Em muitos desses bloqueios, houve atritos entre produtores rurais e motoristas, que, devido aos protestos, às vezes demoram dias para completar rotas que normalmente levam horas. Também nesta sexta-feira, o governo argentino deu uma resposta à Igreja Católica, que ontem pediu ao Executivo que "convoque com urgência um diálogo transparente e construtivo" e que os produtores rurais avaliem a forma como têm feito suas reivindicações.

— A Igreja deveria cobrar um gesto do campo, que tem que abrir mão da enorme riqueza que tem. O governo não é o inflexível — disse o ministro da Justiça, Aníbal Fernández.

Os dirigentes rurais, por sua vez, admitiram seu mal-estar pelas declarações de ontem feitas por Cristina, segundo quem os homens do campo são os únicos que podem "se dar ao luxo de não trabalhar" durante três meses. O vice-presidente da Sociedade Rural Argentina, Hugo Biolcati, chegou a dizer que o discurso da governante foi incendiário.

EFE
 
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