O ciclo de alta nos preços das commodities deve pressionar a inflação no Brasil por pelo menos mais dois anos. É a previsão da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e de Globalização Econômica (Sobeet).

De acordo com o levantamento, cada 1% de aumento nos preços dos alimentos corresponde a uma alta de 3,68% nos mesmos produtos no mercado interno. È um reflexo do fato do Brasil ser tomador de preços em diversos mercados internacionais de commodities agrícolas.

Quando o fator a ser considerado é o petróleo e a influência sobre os preços no longo prazo, o estudo da Sobeet aponta que as variações do mercado externo representam 1,67% de valorização no mercado brasileiro. Mas o fator que mais influiria nos preços seria a taxa de câmbio. Para cada 1% de valorização, o impacto é de 8,24% em reais.

O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, concorda.

- O câmbio é um fator muito importante no controle ou na exacerbação de alta dos preços das principais commodities no mercado internacional – disse ele em entrevista ao Agribusiness Online, nesta sexta-feira, dia 30.

Para o segundo semestre deste ano, ele acredita que Brasil será um importante alvo de investimentos em dólar por ter recebido o chamado Grau de Investimento (pelas agências Standard and Poor´s, dos Estados Unidos, e Fitch, da Inglaterra). Mas, na opinião de Fábio Silveira, o impacto desses investimentos sobre a taxa de câmbio deverá impedir que a inflação continue a subir no mesmo ritmo dos meses anteriores.

- O cenário deve ser mais de controle da inflação do que de uma alta exacerbada, como conhecemos neste momento de aumento de preços no mercado local.

Fábio Silveira defendeu que o governo adote uma política monetária que chama de “um pouco mais flexível” para o controle da inflação. Para ele, é importante que a taxa de juros não subisse e que fosse implantada uma política de estímulo à produção agrícola.