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 | 22/05/2008 16h18min

Analista diz que só Brasil e África podem conciliar produção de biocombustíveis e alimentos

Para Júlio Maria Borges, mercado se abrirá quando reconhecer essa capacidade

Há dois lugares no mundo onde é possível conciliar a produção de biocombustíveis e de alimentos em grande escala: Brasil e África. E quando o mundo tiver essa percepção, os mercados se abrirão para produtos como o etanol brasileiro. A opinião é do diretor da Job Economia, Júlio Maria Borges, que concedeu entrevista ao Mercado e Companhia nesta quinta-feira, dia 22.

- Sejam os Estados Unidos, Europa, Japão, porque do mesmo jeito que do petróleo, vão precisar de álcool.

Ele ressaltou que o Brasil tem um grande potencial nessa área e é grande a expectativa de que o país se torne um dos grandes protagonistas do mercado internacional.

Borges explicou, por outro lado, que, apesar da grande dimensão territorial, a China, por exemplo, não tem condições de produzir grandes quantidades de etanol, já que a preocupação maior deve ser a de alimentar a imensa população.

Já no caso do continente africano, com altos índices de pessoas que vivem sob insegurança alimentar, o problema não é a falta de área agricultável, mas a falta de renda, que impede que haja uma demanda por alimentos. Dificuldade que poderia ser superada com a produção de biocombustíveis.

- O biocombustível e o potencial que a África tem de terras produtivas disponíveis vão dar à África, como estão dando ao Brasil uma possibilidade de crescimento sustentável. A renda aumenta e o padrão de vida aumenta e as coisas acontecerão simultaneamente.

Na opinião de Júlio Maria Borges, o cenário atual indica um novo padrão de desenvolvimento, com uma mudança de papel dos países mais pobres. Em vez de apenas receberem donativos, as populações economicamente desfavorecidas melhorarão de vida a partir da venda de produtos de alto valor.

O especialista descartou ainda a possibilidade da produção de álcool causar um desequilíbrio na agricultura brasileira. Para ele, será o contrário, com o biocombustível dando sustentação ao crescimento da atividade no país.

- O mundo vai precisar da nossa energia, do nosso produto agrícola e do alimento e vai pagar o que for.
Outro setor em que o Brasil ser bastante beneficiado é o de produção de energia a partir de fontes alternativas, como o próprio bagaço da cana-de-açúcar.

- É, ao fazer um projeto para produzir álcool, e acrescentar a ele um projeto de co-geração de energia, o investimento adicional que se faz é irrelevante e o benefício, significativo. Essa é uma configuração otimizada de eficiência e retorno do projeto.

Júlio Maria Borges reconheceu que os preços do álcool no mercado brasileiro são insuficientes para viabilizar novos projetos no setor. Mas disse acreditar que os valores serão melhores nesta safra e que as cotações podem melhorar ainda mais à medida que for consolidado um mercado global do combustível.

- Como ainda não é uma commodity global, o álcool acaba ficando atrelado ao açúcar, porque a usina produz um ou outro. Não há a opção de fazer álcool para exportar.

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