No primeiro encontro com o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou nessa segunda-feira, dia 19, a intenção do Planalto de apoiar a criação de uma guarda nacional das florestas, nos moldes da Força Nacional de Segurança.

A idéia, um aprimoramento da sugestão do ministro de colocar as Forças Armadas nos parques nacionais, é de que ela atue nas áreas de reserva na Amazônia. A opção evitaria a necessidade de mudanças na Constituição e de envio de propostas para o Congresso.

Durante a reunião, o ambientalista defendeu ainda mudanças na legislação para permitir a descentralização dos licenciamentos.

– Eu acho que isso vai agilizar o processo de licenciamento, passando para os Estados o que eles puderem fazer – justificou.

Como secretário do Ambiente no Rio de Janeiro, Minc concedeu mais de 2 mil licenças ambientais a empreendimentos no Estado, número equivalente aos três anos anteriores à sua gestão. O ministro defende abertamente que uma forma de acelerar as licenças ambientais seria o governo federal desburocratizar sua concessão.

O encontro também serviu para que o petista propusesse a aplicação dos recursos arrecadados com compensação ambiental, que somam aproximadamente R$ 1 bilhão ao ano, em ações de preservação da Amazônia e da Mata Atlântica.

– Hoje, apenas R$ 90 milhões desse total chegam ao ministério – disse.

O ministro anunciou que adiará a posse aguardada para amanhã para a próxima terça-feira com o objetivo de permitir que o governador do Rio, Sérgio Cabral, participe do evento. Ele assumirá o lugar da senadora Marina Silva, que pediu demissão na semana passada.

Antes de conversar com o presidente, Minc deu novos sinais do comportamento performático que tanto preocupa o Planalto. Fez ameaças a criminosos ambientais, falou sobre a rejeição de morar em Brasília e até se perdeu nos corredores que davam acesso à sala de Lula, no Planalto.

– Me ajuda aqui e me diz para onde vou – pediu a um dos jornalistas.

A audiência com o presidente marcou o fim de uma agenda pública que incluiu o almoço com a ex-ministra Marina Silva. No encontro, eles conversaram sobre os desafios do ministério.