A idéia da 5ª Cúpula dos Chefes de Estado e dos Governos da América Latina, Caribe e União Européia é discutir assuntos relevantes, como a pobreza e a mudança climática. Mas as atenções do encontro, que começou ontem em Lima, no Peru, não devem se concentrar em nenhum desses temas.

Todos os olhares estarão voltados para um possível bate-boca entre dois participantes da reunião: a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Declarações feitas pelos dois líderes têm acirrado os ânimos entre Caracas e Berlim. O líder venezuelano se sentiu incomodado porque Angela disse que ele não fala por toda a América Latina.

– Ela é da mesma direita que apoiou Hitler e o fascismo – disparou Chávez.

Angela se mostrou tranqüila e rebateu a acusação de forma elegante, afirmando que "as palavras dele falam por si só". Tudo indica que um embate midiático - como o que aconteceu no último encontro, quando as câmeras flagraram o momento em que o rei da Espanha, Juan Carlos, disse ao presidente da Venezuela "Por que não te calas?" - não deve acontecer. Desta vez, as sessões não serão transmitidas pela TV.

A tensão entre os dois, porém, não deve ser a única da reunião, uma vez que as relações entre Colômbia, Equador e Venezuela também andam desgastadas - e devem ficar ainda mais delicadas depois da divulgação, ontem, do relatório da Interpol.

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva adotou um tom conciliador e declarou, sobre a crise entre Chávez e Angela Merkel:

– Se conheço bem os dois, eles tomarão um café, e a paz voltará a reinar.

Nessa quinta-feira, dia 15, pela manhã, o presidente brasileiro recebeu o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, que também participará do encontro em Lima. Lula disse que as relações entre Espanha e Brasil transcorrem de forma "extraordinária" e que os espanhóis têm dado uma contribuição ao desenvolvimento do Brasil, por meio de investimentos. Os dois devem propor a criação de um fundo para a crise alimentar no Haiti.