Uma operação conjunta da Polícia Federal e do Ministério da Agricultura desarticulou uma organização criminosa que fraudava leite em pó em pelo menos cinco Estados: Paraíba, Pernambuco, Ceará, Bahia e Santa Catarina. A "Operação Lactose", realizada nesta quinta-feira, dia 15, cumpriu sete mandados de prisão preventiva e 14 de busca e apreensão.

A quadrilha adulterava o leite em pó integral com a adição de soro de leite e outros ingredientes lácteos. A mistura reduzia a qualidade nutricional. O consumidor era lesado ao pagar o preço do produto integral e levar outro, de qualidade inferior. Testes realizados no Lanagro em Pedro Leopoldo (MG) descartaram riscos à saúde humana.

Segundo o Ministério da Agricultura, entre os detidos na operação está um servidor do Lanagro de Recife (PE), suspeito de roçar amostras de produtos que seriam analisados, impedindo a detecção da fraude. Cinco empresas foram alvos da Operação Lactose. Todos os envolvidos serão indiciados por estelionato, crime contra a saúde pública, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

Marcas serão retiradas do mercado

Todos os lotes de leite integral das marcas Só Beber, Naturesse, Bom Du Leite, Cilpe e Big Leite (todas embaladas pela empresa Big Leite Indústria e Comércio de Alimentos Ltda.) serão retirados do mercado.

Em nota à imprensa a PF informou que após quase um ano de investigações, solicitou à juíza federal Cristina Maria Costa Garcez, da 3ª Vara da Seção Judiciária da Paraíba, a prisão preventiva dos envolvidos e a retirada do produto das prateleiras. Após parecer favorável do Ministério Público, o pedido – que inclui ainda a apreensão de alguns imóveis – foi aprovado.

Segundo a PF, o esquema de falsificação do leite em pó integral funcionava da seguinte forma: a empresa Big Leite comprava o leite a granel, em grandes quantidades, para reempacotá-lo em volumes menores e revender no varejo. Ao realizar o reempacotamento, substituía 50% do leite em pó integral por soro, produto pobre em proteína.

Para encobrir a saída de produtos em maior quantidade do que a recebida pela empresa, a Big Leite recebia notas fiscais frias das empresas Avesul Ltda. e Sanita Ltda., ambas no Estado de Santa Catarina, além da Milky Ltda., na Bahia, e da Via Láctea, no Ceará – todas de propriedade dos suspeitos.