| 14/05/2008 11h09min
As patronais agropecuárias da Argentina levaram nesta quarta-feira, dia 14, ao Parlamento as reivindicações sobre os impostos à exportações de grãos, que geraram o enfrentamento com o governo há dois meses.
Enquanto isso, agrupamentos sociais que apóiam o governo advertiram que se a greve do campo "se aprofundar", também sairão às ruas para respaldar o governo.
Dirigentes das entidades rurais foram recebidos na sede do Congresso por deputados e senadores da oposição, que colocaram como objetivo do encontro a busca de uma solução para o conflito agropecuário e a criação de um "espaço de debate" que impulsione medidas legislativas concretas para o campo.
A reunião foi assistida pelos presidentes da Sociedade Rural Argentina, Luciano Miguens; das Confederações Rurais Argentinas, Mario Llambías, e da Coninagro, Fernando Gioino, assim como Alfredo De Angeli, dirigente da Federação Agrária Argentina, entre outros.
O encontro, convocado como uma "audiência pública", foi impulsionado pela União Cívica Radical, pela Coalizão Cívica e pela Proposta Republicana, os principais partidos opositores.
Ao final da reunião, Llambías lamentou "a ausência do oficialismo" na audiência e disse que na reunião todos concordaram na necessidade de se "solucionar o conflito o mais breve possível".
De Angeli, no entanto, considerou que a controvérsia "uniu todos" e pediu aos legisladores que "deixem as misérias humanas e ideológicas e se unam para ajudar (o setor agropecuário)".
Mais cedo, Eduardo Buzzi, titular da Federação Agrária Argentina, afirmou que, embora o diálogo entre o campo e o Governo esteja interrompido, o setor agropecuário espera uma convocação das autoridades para retomar as negociações.
– Se há humildade e racionalidade do lado do Governo, é possível discutir – afirmou.
O ministro da Justiça, Aníbal Fernández, acusou os dirigentes rurais de arruinarem as negociações com o Executivo no último momento, de maneira intencional e "quando estava tudo praticamente estipulado".
Além de não comercializar grãos destinados à exportação, desde quinta-feira passada, as entidades do campo realizam manifestações e bloqueios temporários de estradas em diferentes pontos do país.
As patronais agropecuárias resolveram retomar a greve após mais de um mês de "trégua" devido ao fato de o governo não aceitar discutir a política fiscal para o setor, que foi o detonante da greve de três semanas, realizada em março.
Em entrevista coletiva, o dirigente grevista Luis D'Elía, titular da Federação de Terra e Habitação, indicou hoje que as organizações sociais governistas "sairão às estradas para respaldar o Governo" de Cristina Kirchner se o conflito continuar.
– Não queremos fazer cortes, mas permanecer à beira das estradas, informando, dizendo por que as retenções (impostos às exportações) devem continuar – explicou D'Elía antes de voltar a classificar o protesto como "um golpe de Estado econômico e político".
O conflito agropecuário começou a dividir opiniões no Partido Justicialista (peronista) e se transferiu ao Parlamento, onde a oposição se uniu a favor do campo.
Os dirigentes rurais conseguiram envolver no assunto governadores provinciais, entre eles vários peronistas ou aliados do Executivo, além de receber o apoio de prefeitos e deputados do governo e de forças da oposição.
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