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 | 28/04/2008 20h05min

Burocracia na liberação do Pronaf impede produtores do Paraná de plantar

Pequenos agricultores se dizem abandonados, vivendo sem água e luz

Kátia Baggio  |  reportagem@canalrural.com.br

Há oito meses, 47 famílias de pequenos produtores do Paraná compraram lotes através do Programa Nacional de Crédito Fundiário (Pronaf), do Ministério do Desenvolvimento Agrário. No entanto, elas não conseguem plantar porque o dinheiro do programa não saiu até hoje. A empresa que representa o grupo diz que a demora é normal, mas a situação das famílias é crítica.

Os agricultores estão instalados em quase 200 hectares do distrito de Lerroville, em Londrina. Alguns se uniram, plantaram milho e estão vivendo desta colheita. As famílias que optaram pelo café orgânico, entretanto, preferiram não plantar outra cultura, com medo de perder o direito ao programa. Eles não têm água, luz ou estrada e alguns trabalham como bóias-frias.

– Nós estamos abandonados. A prefeitura só passou aqui duas vezes para mexer na estrada. Tem 10 crianças que vão pra escola e o ônibus não chega aqui. E as casas não tem água nem luz. Eu acho que isso é um descaso com a gente – relata o produtor rural Airom Machado.

Para plantar café orgânico certificado, a área precisa de adaptações, como a barreira natural contra agrotóxicos de lavouras convencionais. O presidente de uma cooperativa local de café orgânico diz que o produto tem mercado garantido, mas precisa ser certificado.

– A produção deles tem mercado certo, mas eles precisam de estrutura, de um agrônomo para acompanhar essa conversão da área para orgânico e isso eles não têm. A preocupação é como eles vão se manter até que saia o Pronaf – afirma o presidente da Coasol, Fábio Gonçalves dos Anjos.

Com o milho, cada produtor tira R$ 3 mil por ano, em 1,5 hectare. Com o café orgânico, cada família pode lucrar até R$ 60 mil a cada colheita.

Os produtores cobraram a estrada da prefeitura de Londrina na manhã desta segunda-feira, que figura no contrato como responsável pela obra. Entretanto, só cascalho deve ser colocado, o que ainda pode levar dois meses.

– Nós temos um cronograma e assim que as máquinas passarem pela região deles será feito o patrolamento das estradas. Mas, eles vão ter que arrumar o moledo – afirma Osvaldo de Souza Jr., diretor de Desenvolvimento Rural da Prefeitura de Londrina.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, os recursos para o Pronaf foram liberados em março. A empresa que presta assistência técnica para as famílias foi fundada há um ano e o representante não soube explicar porque o dinheiro ainda não está nas mãos dos produtores.
 
– É, isso é demorado mesmo, essas questões burocráticas são assim. É desse jeito, mesmo – comenta Luiz Hiroshi Shimizu, responsável pela empresa.

A reportagem tentou ainda entrar em contato com Gumercindo Fernandes Silva Jr., mas não teve sucesso. Ele consta na Secretaria de Agricultura do Paraná como o engenheiro agrônomo responsável pelo projeto de crédito fundiário das famílias de Lerroville.

Segundo a Seab, ele recebeu R$ 600 por família, entre projeto e assistência técnica, e deve receber mais R$ 1,5 mil de cada uma, dentro de quatro anos. De acordo com Shimizu, eles se associaram e fundaram uma empresa porque Gumercindo não poderia entrar com o pedido do Pronaf junto ao banco, como pessoa física.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário informou que as famílias não perdem o direito ao Pronaf se plantarem com recursos próprios, mas sim se o fizerem através de outro Pronaf.

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