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 | 26/04/2008 17h53min

RS celebra a supervalorização do arroz, que subiu 40% em abril

Commodity se junta ao clube dos grãos cujos preços explodiram no mercado internacional

Sebastião Ribeiro  |  sebastiao.ribeiro@zerohora.com.br

Por muito tempo entre os menos rentáveis dos principais grãos cultivados no Brasil, o arroz se junta agora ao clube das grandes commodities cujos preços explodiram nos últimos meses no mercado internacional, como milho e soja.

Os agricultores brasileiros vivem um momento de euforia. A safra de verão que está sendo colhida vale R$ 11,8 bilhões, dos quais R$ 3,7 bilhões são provenientes do arroz, já que o Rio Grande do Sul é o maior produtor do país com 7 milhões de toneladas.

Embora cerca de 7% inferior ao ano anterior, a colheita gaúcha de verão estimada em 22,4 milhões de toneladas renderá R$ 3 bilhões a mais, calcula Tarcísio Minetto, consultor da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado, com base nos preços médios de janeiro a abril deste ano. E esse valor deve aumentar, caso a escalada de preços continue.

Depois de terem acumulado prejuízos nas últimas safras, com custos de produção superando a remuneração média, os agricultores vislumbram a possibilidade de fazer dinheiro. Produzida a um custo de R$ 26,67, a saca de 50 quilos de arroz está cotada a R$ 32,69, e somente em abril subiu 40%, acompanhando as cotações internacionais. Preços mais altos aguçam o lado investidor do arrozeiro e estimulam a economia, com mais vendas do comércio e da indústria. Edgar Schimitz já começou a incrementar a lavoura. Comprou uma máquina de secagem de arroz maior. Com isso, as 3,5 mil toneladas provenientes dos 420 hectares plantados em Uruguaiana ficarão prontas para venda mais rápido. Para outros, o momento será de pagar investimentos passados, adverte o analista de mercado Farias Toigo.

Talhados nas tantas peleias com o governo para pedir intervenções que elevassem preços, os arrozeiros gaúchos têm agora um desafio contrário. Demover os responsáveis pela política agrícola da idéia de agir no mercado para segurar as cotações. A diferença é que o companheiro do feijão tem panela garantida na mesa do brasileiro, e o aumento das cotações no campo impacta direto no orçamento das famílias e na inflação.

Brasil pode ganhar com
os estoques mundiais baixos


Não foi à toa que na semana passada o governo federal suspendeu as exportações de estoques públicos e chegou a cogitar a proibição total das vendas externas. Não que o Brasil fosse grande exportador. O país retomou o mercado externo há apenas cinco anos, como alternativa aos baixos preços internos, e na safra passada vendeu para fora apenas 313 mil toneladas em casca, das 12 milhões que produziu. É pouco, mas o suficiente para que a virada no mercado internacional afetasse o doméstico.

- Hoje, se o mercado interno não pagar determinado preço, pode se exportar. Seria uma contradição enorme (barrar as exportações). Uma das razões da disparada de preços foi que alguns países suspenderam suas exportações - diz Rubens Silveira, diretor do Instituto Rio Grandense do Arroz.

As preocupações do governo com o abastecimento se fortalecem porque Uruguai e Argentina, de onde o Brasil comprou a maior parte das 1 milhão de toneladas importadas em 2007, passaram a vender para outros países que pagam mais. A reação brasileira será colocar no mercado interno parte dos estoques públicos. Segundo André Nassar, do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais, mesmo com os estoques mundiais baixos, não há risco de faltar arroz:

— O Brasil será importante para suprir essa redução.

*Colaboraram Leandro Belles e Rafael Varela

Nauro Júnior / 

Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país com 7 milhões de toneladas
Foto:  Nauro Júnior


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