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 | 25/04/2008 02h26min

Secretário do Planejamento conversa em restaurante com indiciado

Ariosto Culau tomou chope com o empresário Lair Ferst na noite desta quinta-feira

Marciele Brum  |  marciele.brum@zerohora.com.br

Após comandar o anúncio do rompimento do contrato do Detran com a Fundae e outras medidas para sanear a autarquia, o secretário do Planejamento, Ariosto Culau, tomou chope à noite com um dos principais suspeitos de operar a fraude no órgão, o empresário e suposto lobista Lair Ferst. Os dois se encontraram na praça de alimentação do Shopping Total por volta das 20h30min desta quinta-feira.

— Estamos só no chopinho — explicaram.

Na companhia de Ferst, Ariosto comeu um peixe e tomou cerveja em uma mesa ao ar livre ao lado do Habib's, próximo ao estacionamento. Dezenas de pessoas conversavam em mesas próximas. Ao serem flagrados por Zero Hora, Ariosto e Ferst tentaram aparentar normalidade e foram simpáticos. Indagado sobre o motivo do encontro, o secretário respondeu:

— Estamos a chopes e peixe.

Questionado se a conversa era sobre o governo e a CPI do Detran, Ariosto disse que não trataram do assunto:

— A gente não fala sobre isso quando toma chope.

Coube a Ferst responder qual a relação que mantém com um dos secretários estratégicos do governo Yeda Crusius.

— Somos amigos e companheiros de partido (PSDB) — disse o suspeito, com um sorriso.

Ariosto afirmou que logo iria embora e Ferst completou:

— Ficaremos até as 21h aqui.

Uma hora depois, ZH ligou para o secretário que explicou o encontro. Segundo Ariosto, ele encontrou o suposto lobista por acaso enquanto aguardava a chegada de três amigos. Ferst estaria passando e foi chamado pelo secretário.

Ariosto sugeriu que ZH voltasse ao shopping para verificar que ele estava reunido com os amigos em frente ao Habib's. Os dois já haviam tomado chope em outras ocasiões, antes do escândalo do Detran.

— Não me sinto nem um pouco constrangido em estar em um local público. É uma coisa que vou encarar com a maior normalidade possível. Não tenho problema em assumir o que é verdadeiro. Se quisesse me esconder, não viria a um shopping — relatou o titular do Planejamento.

Ariosto disse que não existe um pedido de Yeda para ele se encontrar com Ferst. Conforme o secretário, os dois mantém uma amizade desde o início do governo, quando ele veio de Brasília para assumir o cargo:

— Tivemos um convívio muito grande na época do partido. Não tem nenhuma relação contratual da secretaria (com Ferst).

Questionado se ele não se importa em ser visto junto a um dos principais indiciados pela Operação Rodin, Ariosto afirmou que ficaria magoado se o fato fosse mal-interpretado:

— Não é por isso que vou me esconder, ia deixar de estar ali ou tratar a pessoa como se não a conhecesse. Não tenho por que me defender. Não há nenhuma combinação.

O secretário se mostrou preocupado com a repercussão do fato.

— Pode desqualificar um processo de transformação do Detran. Isso isoladamente é muito ruim para quem olha de fora. Mas, infelizmente, há ônus e bônus de fazer parte de um governo. Tenho de pagar por ser um homem público. O meu cargo no governo e a amizade com Lair não se misturam.

Ariosto diz que não via Ferst havia muito tempo. Quando Ferst foi indiciado pela PF, o secretário ligou para ele no dia seguinte. Ontem, reproduziu suas palavras ao indiciado:

— É um momento difícil. Lair, quero dizer que sou teu amigo e isso significa que quero te apoiar neste momento pessoalmente.

Marcos Nagelstein  / 

Num shopping da Capital, Ferst (E) e Ariosto saborearam chope nesta noite em clima de aparente tranqüilidade
Foto:  Marcos Nagelstein


 
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