Nem aumento de 0,50 ponto percentual na Selic nem os balanços ruins nos Estados Unidos abalaram o desempenho da Bovespa nesta quarta-feira. A maior bolsa de valores da América Latina trabalhou a maior parte do pregão em alta, favorecida pelo ingresso de recursos estrangeiros em busca das blue chips (ações de primeira linha) e algumas pechinchas, além da recuperação de preços das ações de bancos.

O Ibovespa, principal índice, fechou com avanço pelo terceiro pregão seguido, de 0,62%, aos 64.552,4 pontos. Oscilou entre a mínima de 63.599 pontos (-0,86%) e a máxima de 64.945 pontos (+1,24%). No mês, a bolsa acumula ganhos de 5,88% e, no ano, de 1,04%. O giro financeiro de hoje totalizou R$ 5,955 bilhões.

A elevação surpresa da taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual - apenas uma pequena parcela dos analistas previa que isso pudesse acontecer - impactou negativamente os negócios com ações apenas na abertura da sessão. Antes mesmo de o pregão completar uma hora, a Bolsa já tinha invertido o sinal para positivo e trabalhou desse jeito na maior parte do dia. A análise dos especialistas é de que, na Bolsa, a elevação já estava no preço e, na prática, pouca coisa deve mudar no mercado de consumo. Sendo assim, o impacto sobre as ações também deve ser bem pequeno.

Nos momentos em que voltou a trabalhar em baixa, a Bovespa seguia as bolsas americanas, que hesitaram com os balanços fracos divulgados hoje. Foram vários, com destaque para eBay - que fez o Nasdaq fechar em baixa -, Merrill Lynch (que anunciou prejuízo) e IBM (lucro). O índice Dow Jones ficou praticamente estável, ao subir 0,01%, o S&P teve alta de apenas 0,06% e o Nasdaq recuou 0,35%.

Como a diferença entre a taxa de juro brasileira e a de outros países ficou maior depois da Selic anunciada ontem, o mercado doméstico fica ainda mais atrativo ao estrangeiro. O dólar continuou em baixa, hoje de 0,36%, e nesta toada também sobra dinheiro para as bolsas. Os estrangeiros compraram principalmente ações da Petrobras, mas a Vale também foi beneficiada - esses papéis se descolaram da queda do petróleo e dos metais no exterior.

No meio da tarde, as ações da Vale voltaram a virar para baixo. A sede da empresa em Belém foi invadida à tarde pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, que pela manhã já havia invadido a estrada da ferrovia de Carajás, mas deixou o local depois de negociação com o governo.

Os bancos também se destacaram no pregão e ajudaram o Ibovespa a subir - as três maiores altas do Ibovespa foram do setor financeiro. A elevação decorreu da percepção de que o pior já pode ter passado na crise americana e, por tabela, no segmento financeiro, o mais castigado.

Petrobras PN ganhou 2,04%, Petrobras ON avançou 1,92%, Vale PNA subiu 0,21%, Vale ON registrou alta de 0,06%, Banco do Brasil ON fechou com elevação de 4,11%, Itaú PN subiu 3,57% e Bradesco PN ganhou 3,47%.