| 16/04/2008 20h33min
Com a alta de 0,50 ponto na Selic, taxa básica de juros, anunciada nesta noite, "o Banco Central deu início a um processo extremamente perigoso para a economia brasileira", afirmou o consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Julio Sérgio Gomes de Almeida. Para ele, "é um sinal de que o BC quer reduzir muito expressivamente a demanda".
Gomes de Almeida considera que uma alta dessa magnitude "não é um aumento meramente simbólico, deve ter um efeito grave na desaceleração do crescimento da economia". O economista acredita que "mais importante que o aumento do custo do crédito para o setor privado é que a alta de 0,50 ponto infelizmente diz para os nossos empresários não investirem tanto, para os bancos não emprestarem tanto para os consumidores e, com isso, a economia vai sofrer".
O economista citou ainda um efeito adicional da alta dos juros, que estará claro, segundo ele, já a partir
de amanhã e consiste numa
depreciação ainda maior do dólar ante o real.
— Infelizmente isso trará mais problemas para a balança (comercial) — alertou.
Ibef
O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-SP) avaliou como "precipitada" a decisão de alta de meio ponto na Selic. Para o instituto, que reúne os diretores de finanças de empresas nacionais e multinacionais, o setor produtivo teria condições de enfrentar o aumento da demanda caso a taxa tivesse sido mantida em 11,25% ao ano.
— O setor produtivo estava voltando a se expandir, aumentando a capacidade instalada e ajudando a consolidar um cenário de segurança para as metas de inflação — sustentou, em nota, o presidente do Conselho de Administração do Ibef-SP, Walter Machado de Barros.
Machado de Barros ponderou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem sido pressionado pelos alimentos e bebidas e pelas tarifas de energia e água e esgoto.
—
São pressões pontuais, que não indicam um processo de aumento
inflacionário. Por uma questão de bom senso e serenidade, o BC não deveria ter aumentado a Selic neste mês — argumentou.
Segundo ele, a manutenção dos juros seria mais eficiente para manter a economia equilibrada.
— O melhor teria sido uma sinalização de apoio aos investimentos, estimulando o crescimento da cadeia produtiva como 'antídoto' para o aumento de demanda — afirmou.
O dirigente do Ibef-SP alertou que a política monetária, torna difícil a manutenção do ritmo que vinha sendo registrado nos investimentos no setor produtivo.
— Viveremos um momento, desnecessário, de desaceleração — lamentou.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) também divulgou nota na qual lamenta a elevação da taxa básica de juros. A decisão "é mais custosa do que benéfica ao País", afirma a Firjan.
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