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 | 14/04/2008 06h43min

Chuva estanca estiagem, mas desabriga 1,4 mil no Rio Grande do Sul

Agricultores comemoram precipitação intensa no final de semana

Sâmia Frantz E Marielise Ferreira  |  samia.frantz@zerohora.com.br e marielise.ferreira@zerohora.com.br

A chuva intensa e persistente que provocou prejuízos para muitos gaúchos no fim de semana foi recebida como uma bênção por outros.

A precipitação, que em alguns pontos ultrapassou os 100 milímetros, trouxe alívio a municípios assolados pela estiagem e perspectiva de dias melhores a agricultores.

De sexta-feira, dia 11, até esse domingo, dia 14, pela manhã, choveu em algumas áreas mais de 50% do que é normal para todo o mês de abril. Por sorte, o fenômeno ocorreu do centro para o norte do Rio Grande do Sul, a área mais atingida pela seca.

– A chuva conseguiu estancar a estiagem. Dificilmente ela vai piorar daqui para frente. Agora, dependemos do tempo bom para fazer a colheita – avaliou o secretário estadual de Agricultura, João Carlos Machado.

Há 91 municípios em situação de emergência em razão da estiagem. A chuvarada do fim de semana garantiu o retorno do abastecimento nos reservatórios e recuperou pastagens. Mas não conseguiu reverter os prejuízos na produtividade de culturas como a soja e o milho, que já somam perdas de 20% e 11%, respectivamente, em relação ao ano passado.

– As perdas nas culturas de grãos são irreversíveis. A chuva iniciou um processo de recuperação para os municípios atingidos pela estiagem, mas os agricultores só voltam a comemorar se chover de forma regular – disse o presidente da Emater/Ascar, Mário do Nascimento.

Essa é a torcida do produtor Inésio Páris, 57 anos, de Centenário. Nesse domingo, ele mudou a expressão de tristeza para a de esperança ao rever o açude que fora fotografado na tarde de sexta-feira pela equipe de Zero Hora. A terra rachada foi substituída por uma lâmina de mais de 30cm de água no local de onde o produtor precisou tirar os peixes há duas semanas, para impedir que morressem. A chuva fraca, mas constante, somou perto de 100mm.

– Vou fazer a reforma que tinha começado no açude e, se Deus quiser, vou encher de peixes de novo – disse.

Chuvas devem se tornar esparsas ao longo do mês

Avistar o solo encharcado também foi motivo de comemoração para o agricultor Vitório Klos, 66 anos, no interior de Centenário. Os seis hectares de feijão cultivados na esperança de recuperar os prejuízos tidos com a safra de milho estavam ameaçados pela estiagem. Na época de floração e formação de vagens, a cultura dependia da umidade. Do milho cultivado neste ano, o produtor perdeu mais de 50%. Com sete filhos dependendo do sustento que a terra dá, Klos relaxou ao ver a chuva sobre os 25 hectares de sua propriedade desde a sexta-feira:

– Tenho de olhar para o céu e agradecer, porque a polenta tem de ser grande para alimentar a família.

A má notícia para agricultores como Páris, Klos e outras centenas que vivem no norte e noroeste do Rio Grande do Sul é que as chuvas devem se tornar esparsas a partir de agora. Segundo a meteorologista Cátia Valente, da Central de Meteorologia, a expectativa é que o mês de abril se comporte como os outros três primeiros meses do ano: com o maior volume de chuva concentrado em apenas dois ou três dias.

– Esse é o efeito do fenômeno La Niña. Chove muito em pouco tempo. Depois, o tempo volta a ficar seco, com chuvas esparsas distribuídas ao longo do mês. Esse deve ser o padrão que vai se estender até o inverno – afirmou.

A intensidade da chuva no final de semana deve provocar inversão no tipo de ajuda buscada por parte dos municípios. O subchefe da Defesa Civil no Rio Grande do Sul, coronel Joel Prates Pedroso, prevê que novas cidades devem decretar situação de emergência, mas pelos prejuízos deixados pelo temporal.

ZERO HORA
Arte sobre fotos de Marielise Ferreira e Adair Sobczak / 

Antes e depois da chuva no município de Centenário do Sul
Foto:  Arte sobre fotos de Marielise Ferreira e Adair Sobczak


 
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