| 12/04/2008 14h07min
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu neste sábado maior acesso aos financiamentos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e a adoção de duas novas linhas de crédito, uma preventiva e outra para pronto-socorro aos países com problemas de liquidez. Esta última inovação deveria permitir ao FMI ações de emergência semelhantes àquelas conduzidas pelos grandes bancos centrais, nos últimos meses, na tentativa de conter os efeitos da crise financeira.
A defesa dessas posições é parte da campanha do ministro brasileiro a favor da reforma do sistema de cotas e de votos, vantajosa para o Brasil. Mantega está empenhado em ganhar o apoio da Rússia e da Argentina à aprovação da reforma.
Uma nova fórmula para o cálculo de cotas e votos foi aprovada pela Diretoria Executiva do FMI no mês passado, com apoio de 19 das 24 cadeiras, apresentado para aprovação dos 185 países membros.
As cadeiras de Rússia, Arábia Saudita e Irã votaram contra, na Diretoria
Executiva, e as da Argentina e do Egito
se abstiveram. Com a reforma, Argentina e Rússia perdem poder de voto. Cada um dos 24 diretores fala em nome ou de um país, no caso dos maiores sócios, ou de um grupo de países associados. O diretor brasileiro, por exemplo, representa seu país e mais oito.
O argentino representa um total de nove. O governo argentino pode aceitar a mudança, no entanto, se o acesso às linhas normais de financiamento do Fundo forem ampliadas. Pelas normas atuais, cada país pode receber empréstimos equivalentes ao triplo de sua cota.
Sem explicitar a troca, o ministro da Economia da Argentina, Martín Lousteau, defendeu ontem a ampliação do acesso de 300% para 500%, em seu discurso na reunião do Comitê Monetário e Financeiro do FMI, órgão político formado por 24 ministros.
Além de apoiar essa pretensão em seu discurso no Comitê, Mantega reuniu-se com Lousteau para conversar sobre a reforma. Sua agenda incluía também um encontro bilateral com o ministro de Finanças da
Rússia, Alexei Kudrin.
Mantega
aproveitou o discurso para mais uma vez acusar o FMI de ser leniente com os países mais poderosos e muito ágil na apresentação de recomendações aos demais. Segundo ele, o Fundo demorou a diagnosticar os problemas nos sistemas financeiros dos Estados Unidos e da Europa.
Aproveitou também para novamente elogiar, como havia feito numa entrevista, no dia anterior, o novo diretor-gerente, Dominique Strauss-Kahn e defender a agenda de reformas por ele conduzida.
Se a mudança for aprovada, o poder de voto do Brasil subirá de 1,4% para 1,7% do total e o de sua cadeira, de 2,4% para 2,8%. Strauss-Kahn, segundo Mantega, acertou ao recomendar um "estímulo fiscal global" — na prática, aumento de gastos — para contenção da crise internacional. Mas corrigiu-se logo em seguida. A recomendação vale para os países com espaço para aumento de despesas em seus orçamentos.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson, falou a favor da reforma e defendeu um
papel mais amplo para o FMI, com
uma participação maior da instituição no trabalho de supervisão dos mercados e de prevenção de crises.
Além disso, apoiou a reforma financeira interna planejada pelo novo diretor-gerente e recomendou a redução da Diretoria Executiva de 24 para 22 cadeiras em 2010 e para 20 em 2012.
Sai muito caro, segundo ele, manter essa diretoria. Mantega também defende a reforma financeira interna do FMI, mas não chegou a falar em redução do número de diretores executivos.
Mantega está empenhado em ganhar o apoio da Rússia e da Argentina à aprovação da reforma
Foto:
Stefan Zaklin, EFE
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