| 11/04/2008 18h48min
O desmatamento da Amazônia e trabalho escravo nos canaviais são algumas das acusações que pesam sobre a produção de biocombustíveis no Brasil. A fabricação de etanol é apontada como responsável por reduzir a colheita de alimentos no país.
– De fato há uma redução na área de produção de alimentos, mas é pouco significativa. A produção de etanol deve continuar em áreas de cultivo sustentável – diz o especialista do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Estratégico da Universidade Estadual de Campinas, Isaias Macedo.
O tema foi discutido nesta sexta-feira, dia 11, em um ciclo de debates entre pesquisadores da Universidade de São Paulo e o presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
– Na verdade existe uma avalanche de críticas. A imagem que se tem lá fora é que estamos plantando cana no centro da Amazônia. Mas as pessoas não sabem que a floresta fica a 2.500 quilômetros das áreas de cana, mais ou menos a distância de Madri a Moscou – compara o presidente da Unica, Marcos Jank.
O debate reflete a polêmica gerada por críticas dos Estados Unidos e Europa à produção de biocombustível no Brasil – ao mesmo tempo em que o presidente Lula pretende criar uma força-tarefa para defender a imagem do produto em terras estrangeiras. Mas, internamente, também há discordância. A Petrobras vê no aumento do consumo do álcool um problema, e teme ter de exportar gasolina.
No último mês de março, o álcool vendeu a mais do que a gasolina, pela primeira vez em treze anos. A diferença nas vendas foi de cerca de 30 milhões de litros.
– Se o Brasil quer ser a maior experiência do mundo em substituição da energia fóssil por energia renovável, a gente precisa discutir qual é o papel do álcool na matriz energética brasileira no médio e longo prazo – diz Jank.
O presidente da Unica também falou sobre o protocolo que prevê a substituição da queima da palha pelo aumento da mecanização. Das 170 usinas de São Paulo, 141 já aderiram à norma. A preocupação agora é com a mão-de-obra ociosa gerada com a chegada das máquinas.
– Temos que nos preocupar com a requalificação dos trabalhadores da cana, os cortadores. Os empregos que vai ser perdidos nesse processo podem ser recuperados na própria indústria, em parte, e em outras indústrias – afirma o presidente da Unica.
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