O ex-presidente da Argentina Eduardo Duhalde acusou o governo de Cristina Fernández de Kirchner de não entender o setor agropecuário e citou o Brasil como um modelo a ser seguido para as políticas agrícolas do país.

— Em realidade, este governo entende muito pouco do campo. Não obstante, seu secretário de Agricultura e demais técnicos, sim, entendem, mas não são consultados — afirmou Duhalde. — O governo não deveria tratar os pequenos e os grandes produtores como iguais — continuou, dizendo que a falta de uma política diferenciada para os diferentes tipos de produtores rurais "é um erro básico, que os brasileiros, a quem devemos imitar, não cometeram".

Ele citou que, no Brasil, existe uma pasta para a Agricultura Familiar, porque o governo de Luiz Inácio Lula da Silva "não trata como iguais os desiguais". Duhalde contou em entrevista a uma rádio local que, quando resgatou o uso de retenções (imposto de exportação) em seu curto mandato-tampão (de 2002 a 2003), chamou todos os representantes do setor para um diálogo.

Roberto Lavagna, ex-ministro de Economia de Duhalde e de seu sucessor, Néstor Kirchner, também criticou o governo. Apesar de aliado da atual presidente, ele disse que Cristina, em seu discurso, "desperdiçou uma oportunidade de convocar o setor agropecuário ao diálogo para buscar uma solução para o conflito com o campo". Segundo Lavagna, ela disse coisas certas, mas, "claramente, deveria ter chamado um diálogo para começar a buscar uma solução para a situação, que se tornou muito mais complexa".