Notícias

 | 26/03/2008 13h40min

"Se não saírem do caminho, nós os faremos sair", diz ministro argentino

Governo afirma respeitar protesto, mas adverte que impedirá os bloqueios de estradas

O ministro da Justiça argentino, Aníbal Fernández, advertiu nesta quarta-feira que as forças de segurança liberarão as estradas bloqueadas há 14 dias por produtores rurais em protesto pelo aumento de impostos.

— Se eles não saírem do caminho, nós os faremos sair. Respeitamos o protesto, mas ninguém é mais bonito do que ninguém aqui — disse o ministro, ao afirmar que os bloqueios têm parado o transporte de alimentos e já gerou inclusive regiões desabastecidas. — Não haverá repressão, porque não a fizemos em nenhum momento — declarou.

Buenos Aires amanheceu hoje em calma após o ataque de grupos governistas a milhares de manifestantes que fizeram um "panelaço" na Praça de Maio, em frente à sede do Executivo, para apoiar o protesto dos produtores e repudiar o duro discurso da presidente argentina, Cristina Kirchner, contra os grevistas. Milhares de caminhões continuam impedidos de seguir viagem por piquetes nos arredores da cidade de Gualeguaychu, a cerca de 270 quilômetros da capital argentina, na estrada 14, um dos principais escoadouros do transporte de alimentos e do comércio entre os membros do Mercosul. Também continuam bloqueadas rodovias nas províncias de Buenos Aires, Córdoba e Santa Fé — que concentram a maior parte da produção agropecuária argentina — e em outros distritos do norte do país.

— Tentaremos liberar os caminhos e permitir que os produtos cheguem aos destinos de consumo — disse Fernández a uma emissora de notícias a cabo. — Se eles acham que têm o direito de extorquir a sociedade bloqueando uma passagem, o governo exercerá seu poder de polícia e liberará o tráfego — advertiu.

Fernández destacou que os lugares-chave do conflito estão cheios de policiais, que não estão incentivando nenhum tipo de enfrentamento e que todos os conflitos que poderiam ter acontecido foram dissipados. O ministro argentino destacou que o governo expressou "várias vezes" sua disposição ao diálogo para acabar com a greve, organizadas pelas quatro maiores associações de produtores rurais que juntos reúnem aproximadamente 290 mil filiados.

Reivindicações

Enquanto isso, fontes da Federação Agrária e de Coninagro, que representam pequenos produtores em greve, disseram que farão um protesto hoje na cidade de Córdoba, capital da província do mesmo nome, e entregarão uma lista de reivindicações ao governador local, Juan Schiaretti. Este é um dos governadores que pediu tanto ao governo argentino quanto aos grevistas para acalmarem os ânimos e retomarem o diálogo para superarem o conflito.

Cristina fez um pedido de reflexão ontem à noite e advertiu que não se sujeitará a "extorsões" do que chamou de "piquetes da abundância", referindo-se às mobilizações das associações agropecuárias. Em discurso na sede do governo, a presidente disse que o fato parece brincadeira.

— Quando as vacas eram gordas, as vaquinhas ficavam com eles — disse, explicando que à população só restava lamentar.

O discurso da presidente provocou manifestações espontâneas de apoio aos grevistas tanto em Buenos Aires quanto em outras cidades grandes, onde aconteceram os "panelaços". Ao redor da meia-noite, grupos de piquetes do Partido Justicialista (PJ), peronista, atacaram a tapas os manifestantes que estavam em frente à sede do governo, sem a intervenção da polícia.

EFE
 
SHOPPING
  • Sem registros
Compare ofertas de produtos na Internet

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2010 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.