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 | 27/02/2008 19h23min

Liberação de fazendas não é suficiente para atender o setor, afirma CNA

Carne a ser comercializada não completa nem um contêiner, diz dirigente

A liberação de 106 fazendas brasileiras para exportação de carne aos países da União Européia (UE) não significa benefícios para os produtores brasileiros, na avaliação do presidente do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Antenor Nogueira. Para ele, ainda há um embargo branco no setor.

— É uma falta de respeito com o produtor rural brasileiro. Hoje existem no banco de dados do Sisbov (Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina) mais de 8,7 mil fazendas só na zona habilitada. Dessas, tirar só 106 é ridículo — disse Nogueira nesta quarta-feira.

Segundo o dirigente, a carne que poderá ser comercializada com o bloco não é suficiente para exportar nem um contêiner. O representante da CNA também criticou a falta de regras por parte da UE para aceitar a carne vinda do Brasil.

— Estamos cobrando do Ministério da Agricultura que exija da União Européia regras claras sobre esse assunto — afirmou.

O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, disse que os exportadores brasileiros deverão avaliar se ainda vale a pena comercializar carne para a UE, já que o preço dos animais das propriedades que atenderam às premissas do bloco deverá ser valorizado.

— Isso é uma questão de mercado, funciona a lei de oferta e procura. Se for conveniente, os frigoríficos irão adquirir para cumprir seus contratos e acordos — explicou.

Camardelli lembrou que, além dos países que formam a UE, o Brasil exporta carne para mais 150 países. Conforme o diretor da Abiec, a movimentação mensal do setor corresponde a US$ 90 milhões. Mas, para ele, as perdas do setor com o embargo foram mais sentidas pelos frigoríficos.

— Os frigoríficos tinham programações anuais, nós procuramos fugir um pouco de vendas pequenas e, com isso, houve uma quebra da seqüência.

Camardelli ressaltou que na Europa os prejuízos também foram sentidos. De acordo com ele, o preço da carne teve aumento de 20% nos países europeus.

— Há prejuízos para todos os lados, resta tirar a lição e trabalhar para frente — salientou.

O diretor da Abiec espera que a Secretaria de Defesa Agropecuária tenha o mesmo sucesso ao discutir junto à UE como será o cronograma de inclusão de novas propriedades e de que forma isso será feito. Para ele, o Brasil tem estabilidade no cenário da exportação de carnes, mas precisa reorganizar o processo e reforçar sua condição de status sanitário.

O Ministério das Relações Exteriores ainda não se manifestou oficialmente sobre a liberação da exportação da carne brasileira. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a medida foi considerada positiva pelo governo brasileiro, pois indica que a União Européia aceitou as informações repassadas pelo Brasil e não pretende manter o mercado fechado. O Itamaraty ainda não descarta a possibilidade de levar o assunto para discussão na Organização Mundial do Comércio (OMC).

 

AGÊNCIA BRASIL
 
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