| 26/02/2008 13h49min
Líderes da oposição criticaram a proposta de reforma tributária do governo federal apresentada nesta terça-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. A previsão é de que o projeto seja enviada ao Congresso Nacional na quinta-feira.
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), afirmou que "o grande problema é que ninguém acredita que o governo tenha interesse em aprovar a reforma tributária". Segundo ele, não adianta o governo encaminhar a proposta ao Congresso se não fizer o seu papel. Para Roberto Freire, é preciso que haja uma liderança da Presidência da República para convergir todos os interesses. O deputado destacou ainda que há um temor da oposição de o governo encaminhar a proposta tributária, não mobilizar a sua base e depois responsabilizar os outros, como fez em outros episódios.
Já o deputado Paulo Renato (PSDB-SP) disse que o governo está atrasado um ano com o envio ao Congresso da proposta de reforma tributária. Segundo ele, se a proposta
tivesse chegado ao Congresso
no início do ano passado, haveria mais tempo para discutir a matéria.
O líder do PPS na Câmara, deputado Fernando Coruja (SC), explicou que o ministro Guido Mantega não apresentou o texto da proposta de emenda constitucional que será entregue ao Congresso na quinta-feira. Coruja informou que solicitou ao ministro que encaminhe, junto com a proposta, todas as simulações feitas pelo governo.
— Por enquanto, estamos céticos com a proposta. Eu mesmo perguntei ao ministro se ela é para valer ou se é só mais uma proposta para dissipar a crise dos cartões corporativos. O ministro disse que é pra valer — afirmou.
Desoneração da folha de pagamento
O líder do Democratas na Câmara, deputado ACM Neto (BA), afirmou que a proposta será encaminhada prevendo a desoneração da folha de pagamento das empresas. Ontem, em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as centrais sindicais pediram a revisão desse item
da proposta. Mas segundo o líder do DEM, qualquer
modificação da proposta terá que ser discutida no Congresso Nacional.
Na avaliação de ACM Neto, se governo começar a fazer alterações na proposta, antes de ser enviada ao Congresso, o texto não será aprovado.
— Existem pressões de todos os lados — afirmou.
O líder do Democratas no Senado, José Agripino Maia (RN), afirmou após a reunião que a discussão em torno da proposta de desoneração da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento das empresas mostra que o governo "parece" não ter muita convicção sobre o que está propondo na reforma tributária.
— Na primeira provocação dos sindicalistas, ele (governo) já recuou e dá uma pausa para repensar — disse Agripino Maia.
A senadora Kátia Abreu (DEM-TO), por sua vez, disse hoje que o governo fez uma apresentação "superficial" da proposta de reforma tributária que será enviada ao Congresso. Segundo a senadora, a oposição vai avaliar a proposta quando conhecer
o texto.
— O diabo mora no parágrafos — disse a
senadora, a primeira a deixar a reunião da oposição com o ministro Mantega.
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