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 | 26/02/2008 06h15min

A confiança dos europeus tem de ser readquirida, declarou Stephanes

Entrevista: Reinhold Stephanes, ministro da Agricultura

Carolina Bahia  |  carolina.bahia@zerohora.com.br

Em meio ao impasse do embargo da União Européia (UE) à carne bovina brasileira, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, não nega que houve falhas no Brasil. Enquanto os auditores da UE almoçavam no restaurante a quilo no prédio do Ministério da Agricultura, Stephanes levava a missão russa para saborear um churrasco no restaurante Porcão. Questionado sobre o privilégio, ele mesmo explicou:

– No caso russo, era um ministro com toda a sua equipe. Os técnicos da UE são funcionários de um nível intermediário, estão aqui para fazer auditoria.

Nessa segunda-feira, dia 25, no início da noite, Stephanes conversou com a Agência RBS sobre o andamento das negociações. A seguir, os principais trechos.

Agência RBS - Esta segunda-feira foi o primeiro dia da missão européia no Brasil. Eles já divulgaram um roteiro de trabalho?

Reinhold Stephanes - Não. Os proprietários só serão avisados no dia em que serão visitados. Isso é um sistema de auditoria deles (dos europeus). Nós não conhecemos ainda a agenda e em que fazenda eles vão. É possível que a partir de quarta-feira comecem as visitas.

Agência RBS - Tivemos acesso a uma lista com 167 propriedades. Esse é o número apresentado à União Européia (UE)?

Stephanes - Deve ficar por aí.

Agência RBS - Por que 167 e não 200 ou 300 propriedades, como havia solicitado à UE?

Stephanes - Das fazendas auditadas neste período, apenas este número apresentou 100% de conformidade e documentação correta.

Agência RBS - Isso quer dizer que é difícil encontrar propriedades no Brasil dentro do padrão exigido pela UE?

Stephanes - Chegamos a esse número por duas razões. A primeira porque não houve uma disposição muito forte de todos os envolvidos no sentido de cumprir a instrução número 17, que regula as obrigações do frigorífico, da certificadora, do ministério e dos produtores. Não houve muito esforço porque se acreditava que a UE continuaria importando. E, em segundo lugar, porque essa norma é detalhista e burocratizada, com algumas questões que dificultam a sua implementação.

Agência RBS - Foi difícil, então, encontrar propriedades que se enquadrassem?

Stephanes - O número é muito pequeno. Mas temos a compreensão e vamos negociar a simplificação destas normas sem o prejuízo da boa rastreabilidade.

Agência RBS - Isso não pode dar impressão à UE de que o Brasil vai voltar atrás na rastreabilidade?

Stephanes - Não. Temos de demonstrar para a UE que cumprimos o que falamos. Mesmo que tenhamos atendido exigências que hoje são consideradas desnecessárias, à época elas foram estabelecidas. O europeu quer ter confiança.

Agência RBS - O senhor acha que hoje falta essa confiança?

Stephanes - Eu acho que falta. Essa confiança tem de ser readquirida, como havia com a Rússia. Havia uma total desconfiança e hoje há o inverso. E é tão forte o nível de credibilidade com os russos que eles admitem erros e concordam em corrigi-los por telefone.

Agência RBS - O seu objetivo é fechar em 300 propriedades liberadas para exportação à UE?

Stephanes - Precisamos de até 5 mil propriedades.

Agência RBS - Quando o senhor acha que esse mercado pode se retomado?

Stephanes - Teremos muito trabalho ao longo deste ano. O importante é que o mercado não feche.

ZERO HORA
Ed Ferreira, AE / 

Ministro Reinhold Stephanes levou a missão russa para almoçar na churrascaria Porcão, em Brasília
Foto:  Ed Ferreira, AE


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