Investigada pelo Ministério Público (MP) do Distrito Federal, a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) manteve contratos suspeitos com cinco órgãos ligados ao governo do Estado e à prefeitura de Porto Alegre. Vinculada à Universidade de Brasília (UnB), a Finatec firmou convênios no valor de pelo menos R$ 1,83 milhão com o Banrisul, a Caixa RS, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e a Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre (Procempa).

Como se trata de uma fundação de pesquisa ligada a uma universidade, a Finatec não precisa passar por licitação para prestar serviços a órgãos públicos. De acordo com o promotor Ricardo Souza, a dispensa de concorrência estaria sendo usada como fachada para repassar recursos às empresas Intercorp Consultoria Empresarial e Camarero & Camarero Consultoria Empresarial.

As empresas pertencem ao casal Luís Antonio Lima e Flávia Maria Camarero. Gaúcho de Osório e ligado ao PT, Lima seria um intermediário entre administrações do partido e a Finatec. Uma planilha em posse do Ministério Público mostra que R$ 22 milhões foram destinados às empresas de Lima entre 2002 e 2005, a partir de contratos entre a Finatec e órgãos públicos. Nos contratos com o Detran e a Caixa RS, os promotores não conseguiram identificar pagamentos.

Os negócios de Lima, no entanto, não se restringem às administrações petistas. Na atual gestão da Capital, de José Fogaça, o consultor firmou seu maior convênio em território gaúcho. Por R$ 750 mil, as empresas dele prestaram serviços à Procempa de abril a setembro de 2005. De acordo com o Ministério Público, pelo menos R$ 310 mil desse contrato foram repassados às empresas de Lima.