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 | 08/02/2008 22h50min

Stephanes: É preciso deixar a janela aberta para o mercado europeu

Ministro foi convidado especial da última edição do programa Mercado, Arte e Cia.

A polêmica sobre embargo europeu da carne brasileira foi o principal tema debatido na noite desta sexta, dia 8, na última edição do programa Mercado, Arte e Companhia, do Canal Rural. O convidado especial foi o ministro da Agricultura e Pecuária, Reinhold Stephanes, que enfatizou que o Brasil vai respeitar as limitações impostas pela União Européia, exportando o que for possível, mas sem deixar de contestar e discutir estas exigências.

Outros temas, como dívida agrícola e produção de frango, também foram debatidos durante o programa, que contou ainda com as participações de Jerry O´callaghan, diretor da Global Beef Trading; Elio Micheloni Jr, analista de mercado e Gilman Viana Rodrigues, secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Agricultura (Conseagri).

Embargo comercial

Para o ministro da Agricultura e Pecuária, o fator principal que deve ser levado em consideração ao analisar o embargo da carne brasileira pela União Européia é a questão de mercado.

– A questão não é sanitária e sim comercial.

A União Européia produzia 95% das necessidades de suas carnes, e o Brasil passou a exportar os 5% restantes. Como custo da carne brasileira era um terço do custo europeu, houve um movimento de baixa nos preços, o que gerou uma campanha extremamente forte contra a importação. Ao mesmo tempo, a Europa enfrentou problemas com a doença da vaca louca e estabeleceu um sistema de rastreabilidade, que passou a ser uma exigência também no Brasil.

Reinhold Stephanes ressaltou que a carne brasileira não tem nenhum problema sanitário grave e que a aftosa não afeta em nada o tipo de exportação que é feita para a Europa, já que não é uma doença fatal. As exigências européias, segundo ministro, são exageradas para a qualidade da carne brasileira, mas o Brasil deve atendê-las. Evitando radicalismos, fez questão de frisar que esta questão nunca havia sido contestada e foi aceita pelo mercado brasileiro, que poderia ter cumprido as exigências, mas não as cumpriu por desinteresse e por achar que a UE jamais tomaria uma atitude destas.

– A classe produtora estava representada e aceitou a regra do jogo sabendo até mesmo que poderia não atender aos compromissos que haviam sido assumidos –disse ele em tom de crítica.

A meta do governo agora é manter a janela aberta e tentar um entendimento para normalizar, ou pelo menos melhorar, a ligação com a União Européia. A hipótese de suspender totalmente as exportações de carne para a Europa está fora de questão. Como um bom negociador que evita tomar lados numa disputa comercial, o ministro argumentou que o Brasil, por ser o maior exportador de carne do mundo, deve estar preparado para atender às exigências de qualquer mercado, sendo elas exageradas ou não.

– Temos que manter a janela aberta para negociar. Se eles querem 300, vamos exportar 300. Se aumentarem para 600, vamos exportar 600.

– O que exportamos para a Europa é 3% do que produzimos, mas como são os cortes mais finos, os valores são maiores. A questão a discutir não é que isso tenha pouca influência, a questão é que o Brasil deve ser preparar para atender às exigências de qualquer mercado, já que é o grande exportador de carne do mundo.

A lista de propriedades

Sobre a escolha de apenas 300 propriedades para exportar para a UE, Reinhold Stephanes deixou claro que este número não é denso o suficiente e que são necessárias pelo menos cinco mil propriedades para atender à demanda. Segundo ele, esta seleção foi uma maneira que a União Européia encontrou de bloquear a carne brasileira, sem “fazer isso oficialmente”.

Ele esclareceu que foi feita uma lista de 2,6 mil propriedades e desta lista foi feita uma triagem com 600 propriedades que realmente estavam de acordo com as exigências européias. Esta lista não foi aprovada, no entanto foi aberta uma brecha para uma nova análise. Com isso, uma nova lista será entregue no dia 14 e deverá conter o mesmo número de propriedades. Outras fazendas, que estão sendo auditadas, devem se habilitar e serão discutidos os procedimentos para incluí-las também no mercado europeu.

Frango

Outro assunto debatido foi o artigo publicado no jornal britânico The Guardian questionando a qualidade do frango exportado pelo Brasil. O texto alerta o risco à saúde dos consumidores e cita que os animais seriam tratados em granjas, mantidos acordados para engordar e com riscos à diversidade genética. Evitando uma nova polêmica, o ministro agiu diplomaticamente informando que o artigo não passa de um ataque infundado e que não será respondido. Para ele é normal que comece a haver este tipo de resistência, já que o Brasil cresceu e domina o mercado mundial na exportação de aves.

– Isso ainda não é um problema – finalizou o ministro.

Dívida agrícola

Ao falar sobre a dívida agrícola – uma das dores de cabeça do governo brasileiro – Reinhold Stephanes usou o mesmo discurso adotado anteriormente. Para ele, este problema tem uma série de questões embutidas e nunca chegou a ser enfrentado da maneira como deveria. A solução é tirar toda a “gordura que foi colocada na dívida”.

– Os preços dos produtos agrícolas cresceram cerca de 67%. As taxas que foram acrescentadas à dívida subiram 300% – exemplificou, aproveitando o momento para enfatizar que este problema não é só da sua pasta: “ isso deve ser mudado e os ministros da Fazenda e Planejamento devem entender isso”.

Segundo ele, até 31 de março devem se estabelecidas novas regras para prorrogação das dívidas.

Importações do glifosato

O pedido de redução da taxa de importação do glifosato ( herbicida desenvolvido para matar ervas, principalmente perenes.) da China também foi citado. O ministro esclareceu que foi feita uma consulta à Câmara de Comércio Exterior (Camex) para reduzir a atual taxa, de 38%, para um patamar entre 12% e 10% num primeiro ano, chegando a zero posteriormente. Para Stephanes, não existe nenhum motivo técnico para se ter uma taxa tão alta, já que o mercado brasileiro é dominado por poucas empresas e o objetivo é, justamente, que o produto fique mais acessível para os consumidores.

CANAL RURAL
Divulgação / Site Pessoal

Stephanes: se eles querem 300, vamos exportar 300
Foto:  Divulgação  /  Site Pessoal


 
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