| 22/01/2008 17h45min
O Fórum Econômico Mundial inicia amanhã seu encontro anual num clima dominado pela crescente ameaça de recessão nos Estados Unidos e seu impacto global. Por um capricho do destino, autoridades financeiras do G-7 (grupo dos sete países mais industrializados) e grandes países emergentes, além de representantes dos maiores bancos e empresas do mundo, vão estar reunidos na pequena cidade de Davos, nos Alpes suíços, justamente no momento em que a turbulência nos mercados atinge seu pico e um dia após o banco central americano (Fed) decretar um corte de emergência nos juros.
Esse ambiente de incerteza contrasta com os encontros dos anos anteriores. Desde o início de 2002, quando a elite financeira e empresarial global se reuniu — excepcionalmente em Nova York — ainda sob o choque dos ataques terroristas contra o World Trade Center, em 11 de setembro do ano anterior, o evento vinha sendo marcado por uma economia mundial em crescimento, loas ao processo de globalização e um otimismo generalizado
com o
futuro, inclusive com a badalada importância dos países BRIC: Brasil, Rússia, Índia, China.
Desta vez, as perspectivas são sombrias. Além da crise econômica americana, cuja extensão ninguém sabe prever, e seus reflexos no restante do mundo, a globalização vem dando sinais preocupantes nos últimos tempos. A virtual falência do processo de negociação da Rodada Doha, para liberalização do comércio mundial, é um exemplo dessa tendência. Com a crise econômica, o protecionismo pode ganhar ainda mais corpo. Como de costume, o lema do evento neste ano é vago e aberto a múltiplas interpretações: O poder da inovação colaborativa.
Os organizadores do Fórum afirmam que o objetivo é estimular debates que vão além dos problemas discutidos no dia-a-dia. Mas, diante dos recentes acontecimentos nos mercados financeiros, na prática a agenda dos cerca de 2.500 empresários, banqueiros, autoridades e acadêmicos de 88 países que participarão do evento até domingo, em Davos, será dominada
pela situação da
econômica global.
Brasil
A participação brasileira será pequena. No lado oficial, os destaques serão o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pretendia mais uma vez participar do evento, cancelou sua viagem há cerca de duas semanas.
Um dos temas que certamente serão discutidos durante o encontro, de relevo para o Brasil, será a validade da tese que os países emergentes estariam mais protegidos de uma crise global. Ao longo dos últimos dias, essa crença começou a apresentar sérias rachaduras.
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