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 | 17/01/2008 11h59min

Detento que fugiu de colônia penal em Charqueadas é recapturado

Homem negou relação com adolescente de 14 anos que passou noite em meio a presos

Fábio Almeida e José Luís Costa

O detento Vinicius Eduardo Colares de Andrade, 27 anos, que havia fugido da Colônia Penal Agrícola (CPA) de Charqueadas, foi recapturado ontem à noite em uma rodovia próxima. Ele negou envolvimento com uma adolescente de 14 anos que passou a madrugada de quarta-feira no instituto de regime semi-aberto.

Depois de detido, Andrade foi conduzido à Penitenciária Modulada de Charqueadas, onde aguardará o desfecho de inquérito em regime fechado. A polícia afirma já ter identificado o taxista que conduziu a adolescente até a CPA.

O delegado Pedro Urdangarin disse que o taxista foi identificado e está sendo procurado. Conforme Urdangarin, o motorista e Andrade serão indiciados por corrupção de menores e tráfico de drogas. 

A garota foi submetida a exames de lesões corporais e conjunção carnal no Departamento Médico Legal. O laudo ficará pronto em 15 dias. Depois da avaliação médica, a adolescente foi levada para a casa da mãe, com quem vivia com mais dois irmãos e de onde tinha fugido havia uma semana. A família será acompanhada por conselheiros tutelares.

Uma sindicância aberta pela Superintendência dos Serviços Penitenciários apura as falhas ocorridas na CPA. Já foi constatado que o portão de entrada da CPA estava desguarnecido no horário que a garota chegou à cadeia.

O caso

A adolescente levou cocaína, maconha, crack e dinheiro a um apenado que, segundo ela, usava arma. A Polícia Civil investiga se é um caso isolado ou comum. Em outubro, um rapaz de 18 anos ficou três dias na cadeia com um tio preso.

Moradora do bairro Restinga, na zona sul da Capital, a garota relatou à polícia que foi à CPA conhecer o detento, a pedido dele. Desde dezembro, ela mantinha conversas com o apenado por "um dos três celulares dele".

A garota foi orientada a pegar um táxi que iria buscá-la às 23h de terça-feira em um posto de combustíveis do bairro Restinga. O taxista seguiu com a jovem para o loteamento Cohab Cavalhada. Lá, pegaram crack, maconha e cocaína na casa de uma mulher. Em outra moradia a adolescente recebeu R$ 180, sendo R$ 130 para pagar a corrida e R$ 50 para levar ao detento.

A jovem chegou perto da meia-noite de terça-feira em frente à CPA, que ocupa uma área de 500 hectares na área rural de Charqueadas. Com os faróis apagados, o taxista estacionou junto à cerca de arame, distante uns 500 metros da entrada principal. Ali tem uma guarita de vigilância, mas está abandonada por falta de agentes. A adolescente era esperada por um preso, que a levou ao alojamento cinco, onde vivem 38 presos.

A visitante foi ao encontro de um apenado. Ela disse aos policiais que os dois ficaram por algum tempo sozinhos no alojamento, onde apenas se abraçaram. A adolescente diz que passou as horas brincando com jogos no celular. Ao amanhecer, ela diz que deixou a CPA pelo mesmo caminho. Próximo ao portão de entrada da prisão, ela pediu carona a um caminhoneiro.

Questionada pelo motorista, a garota contou onde passara a noite e acabou sendo levada ao 28º Batalhão de Polícia Militar, para depois ser apresentada à Delegacia da Polícia Civil.

— Não é de hoje que ocorrem fatos graves no semi-aberto — lamentou o delegado Pedro Urdangarin.

A colônia penal tem 10 agentes para 275 presos e um histórico de casos de apenados que saem à noite para assaltar e retornam no dia seguinte sem serem descobertos pela guarda.

Preso deve ser indiciado por tráfico e corrupção de menores

A garota foi levada a exames de lesões e conjunção carnal no Departamento Médico Legal. Conforme o Conselho Tutelar da Restinga, a jovem saiu de casa no ano passado para viver com um namorado.

— É uma vítima. Foi usada pelos presos — acrescentou o delegado, que vai indiciar o detento por corrupção de menores e tráfico de drogas.

O promotor Gilmar Bortolotto cobrou explicações da CPA. 

— Isso demonstra a falência do sistema prisional. Assim como não pode ter fuga, não pode entrar terceiros nas cadeias, principalmente adolescentes — comentou o juiz de Execuções Criminais da Capital, Fernando Cabral.

Uma sindicância foi aberta pela Superintendência dos Serviços Penitenciários. O superintendente Bruno Trindade disse que está em estudo a venda da área da CPA. Com o dinheiro, serão construídas prisões para o semi-aberto na Região Metropolitana.

 
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