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 | 07/01/2008 15h27min

Custos altos limitam ganhos para o produtor de algodão

Margem de ganho do setor está ligeiramente acima dos custeio operacional

A produção de algodão no Brasil está crescendo de forma expressiva, devido à boa competitividade dessa cultura frente a outras concorrentes em área e também da pluma no mercado internacional. Esse é o resultado dos ganhos expressivos de produtividade da cotonicultura brasileira. Mesmo assim, os custos são considerados altos por hectare, o que pode comprometer a rentabilidade da cultura. Somam-se também os investimentos em capitais necessários especificamente para esta cultura (sunk costs) e a dificuldade para novos ganhos de produtividade agrícola, dados os elevados níveis já observados.

O alto custo e margens estreitas são observados há algumas safras. No Estado de Mato Grosso, por exemplo, números comprovam esse cenário em todas as regiões pesquisadas. De forma geral, destaca-se o grande dispêndio com insumos (sementes, fertilizantes e químicos – herbicidas, fungicidas, inseticidas e adjuvantes), que representam mais de 55% do custo operacional. Ressalta-se, entretanto, que essa participação tem se reduzido a cada ano, devido principalmente ao menor gasto com químicos. Uma das explicações para tal está na valorização do real frente ao dólar, que reduziu o preço das importações de defensivos (produto técnico e formulado) e, conseqüentemente, o valor pago pelo produtor rural. A crise sofrida pelo setor em termos de rentabilidade em anos anteriores também pode ter influenciado empresas de insumos do setor a optarem por reduzir suas margens nas vendas e diminuir o valor de venda ao produtor.

Entre as três regiões mato-grossenses analisadas pelo Cepea/CNA, observa-se que Primavera do Leste tem custos maiores e, portanto, rentabilidade menor, tendo em vista que as produtividades são semelhantes entre as praças. Entre outros fatores, essa desvantagem está relacionada à maior infestação de pragas, por ser das regiões mais tradicionais em termos de plantio de algodão no estado, pelo preço relativamente maior dos insumos, ao contrário do esperado dada sua localização, e pelo maior gasto nas operações mecânicas.

O que vem chamando a atenção também no Mato Grosso é a que rentabilidade do algodão safrinha tem sido maior que a da safra normal nas duas últimas temporadas. Em Lucas do Rio Verde, onde praticamente apenas se planta algodão após a colheita da soja (safrinha), foi observado o menor custo por unidade de pluma.

De modo geral, os dados apontam que a margem do setor de algodão está ligeiramente acima dos custos operacionais. Isso sinaliza que o produtor não está conseguindo pagar totalmente as despesas de custos fixos e variáveis da atividade, o que comprometeria a sustentabilidade do negócio no médio e longo prazos.

Com o produto brasileiro ganhando espaço no mercado internacional e tendo o Brasil os maiores níveis de produtividade mundial, a questão e o desafio que se colocam para o setor são: como aumentar a produtividade e/ou diminuir os custos, em especial os variáveis, para melhorar a competitividade e garantir a sobrevivência do setor num contexto internacional? Dessa forma, a administração eficiente dos custos deve ser prioridade dos produtores brasileiros para as próximas safras, com o objetivo de manter a competitividade e a renda.

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