Cristiano Dalcin  |  cristiano.dalcin@canalrural.com.br

Carpinteiros e lenhadores estão acostumados a usar o serrote como ferramenta de corte. A lâmina larga, com dentes afiados e travados, é usada, normalmente para serrar a madeira. O que pouca gente sabe é que o serrote tem uma outra utilidade e pode ser usado também como um instrumento musical, como fazem um grupo de "serrotistas" do Rio Grande do Sul.

O gaúcho Antônio Frizon , de 69 anos descobriu a mais de meio século que o serrote é um instrumento de fazer música. O som é produzido com o toque de um pequeno martelo ou através de um arco feito com madeira de pau-brasil e crina de cavalo.

– É um som espacial, um som trêmulo e um som que se propaga muito bem em todos os ambientes. Fica muito bem com orquestra, com coro, com solistas. Parece um instrumento mais humano, tem o timbre mais humano, tipo o assobio – disse o serrotista Antônio Frizon.

Gravações feitas na Rússia, França e China, mostram que esta já é uma arte explorada em todo o mundo. Frizon faz parte de um grupo de serrotistas que se apresenta em festas e convenções no sul do país e eles adaptaram a antiga ferramenta à sua nova função

– Uma das coisas que nós fizemos quando começamos a tocar e a ensinar as pessoas a tocar o serrote, foi mostrar a dificuldade que havia por causa dos dentes da ferramenta. Os dentes atrapalham e machucam as mãos, porque o instrumento possui movimentos que são rápidos, passagem de notas baixas para altas e com dentes dificultava esse trabalho. Então resolvemos "serrar" os dentes, literalmente, assim aproveitamos pra tocar tanto na parte da frente quanto nas costas do serrote e isso foi uma coisa boa. É a evolução do serrote – disse Frizon.

– Até nesse sentido o serrote se tornou mais ecológico, porque ele deixou de serrar plantas e serrar árvores. É uma missão mais ecológica fazer música em vez de serrar – completou.

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