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 | 19/12/2007 20h11min

Produtores de soja em Mato Grosso enfrentam altos custos de produção

Repórter Sebastião Garcia ouviu especialistas sobre as perspectivas para o setor, e ouviu os agricultores, que estão preocupados com a nova safra

Sebastiao Garcia  |  sebastiao.garcia@canalrural.com.br

O atraso no plantio de soja em Mato Grosso vai aumentar os custos para o produtor na próxima safra, que já é um dos maiores do país, por conta da falta de estrutura. A nossa equipe de reportagem foi conferir a situação no norte do Estado. O repórter Sebastião Garcia ouviu especialistas sobre as perspectivas para o setor, e ouviu os produtores, sobre a preocupação com a nova safra.

No ano passado os produtores de soja de Mato Grosso começaram a semear entre os dias 10 e 15 de setembro. Neste ano, como choveu pouco naquele período, o plantio acabou acontecendo somente na primeira semana de outubro. Este atraso vai obrigar que a colheita seja feita em um tempo mais curto que nos outros anos e, segundo os especialistas, vai encarecer o frete em até 50% a mais que na safra passada, podendo chegar a US$ 150 a tonelada.

Em sociedade com os irmãos, Ari José Ely colhe 140 mil sacas de soja por safra nos 2,5 mil hectares que planta. Ele sempre acreditou que plantando bem, teria como vender bem. Depois ele viu que existiam problemas por causa de uma barreira: a logística. Em outras palavras: a dificuldade de transportar o que produz.

De uma forma geral a agricultura já enfrenta variáveis bem particulares, que não acontece com todos os setores. Principalmente com o preço, que depende de clima, da sazonalidade da oferta. Mas no Mato Grosso o problema se agrava com a falta de estrutura de transporte.

Produtores transportam o produto por rodovias em condições precárias como BR 163, que é o acesso ao porto mais próximo das grandes produções, o Porto de Santarém, no Pará.

A BR 163, liga Cuiabá, a capital do MT à cidade portuária de Santarém (PA). A rodovia foi aberta na década de 70 e tem 1780 km. Onde tem asfalto, a situação é de buracos.  No restante, ainda pior: estrada de chão. A pavimentação é projeto antigo, que não passou de promessa em uma placa, ainda sem data de conclusão. Transitar pela 163 a partir da cidade de Guarantã no Norte, no MT é uma aventura e um risco. O caminhoneiro Altair Dalprá perdeu o controle da direção e carga do caminhão, apesar da experiência. Motorista ha 25 anos, ele teve sorte de sair ileso do acidente, mas diz que está cansado de viver nesta situação de perigo.

Não é difícil encontrar na Br 163 caminhoneiros com histórias parecidas sobre os riscos e prejuízos da estrada. O caminhoneiro José Reis passa pela rodovia desde que ela foi aberta, há quase 40 anos. Diz que já viu de tudo, menos estrada boa.  Ele não é nenhum especialistas em contas, mas sabe bem o quanto custa transportar qualquer coisa por ali.

Neri Geller, produtor, vice-presidente da Aprosoja, a associação que representa outros produtores, calcula o quanto fica pelo caminho a cada safra, por causa da logística. Hoje, os grãos produzidos na região de Lucas do Rio Verde são transportados para o Porto de Paranaguá, no Paraná, há quase dois mil km de distância.

– O problema se agrava com o dólar, no patamar que está – diz Geller.

Mesmo sem calcular muito ele lembra a situação em 2004, quando o produtor teve mais custos que lucro, acabando por ficar endividado.

Pelos cálculos dos analistas de mercado, a conta continua no vermelho para o produtor, mesmo que ele pague as dívidas, que o clima ajude e que os preços continuem bem.

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