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 | 13/11/2007 04h10min

PF reconstitui rota da propina no Detran

Três suspeitos estão ligados ao local onde dinheiro da fraude era distribuído

Adriana Irion*  |  adriana.irion@zerohora.com.br

Pelo menos três dos suspeitos presos pela Operação Rodin estão diretamente ligados ao local onde a Polícia Federal (PF) apurou que era entregue a propina da fraude do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Preso na terça-feira e libertado no sábado, o contador Rubem Höher admitiu que carregava o dinheiro e, inclusive, entregou à PF a pasta em que os valores teriam sido transportados. O flat para o qual Höher afirma ter se dirigido com a pasta preta pertence a Antônio Dorneu Maciel. E no local, conforme testemunhos, Flavio Vaz Netto, então diretor-presidente do Detran, teria se encontrado com Höher e Maciel.

Entenda como funcionava a fraude no Detran

Höher confessou à PF que, antes de a Operação Rodin ser desencadeada, uma nova remessa de dinheiro estaria sendo preparada para entrega. Os valores — R$ 175 mil apreendidos pela PF durante as buscas na semana passada — estavam na sede da Pensant Consultores, em Porto Alegre.

Conforme a PF, o dinheiro usado para pagamento da propina teria sido retirado de contas correntes em saques inferiores a R$ 10 mil. A estratégia evitava que os bancos tivessem de informar a movimentação ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

— Essa prática revela os cuidados que o grupo tinha para não ser descoberto — observou o procurador da República Ivan Claudio Marx, do Ministério Público Federal (MPF).

Com a confissão de Höher e a apreensão da maleta, a PF conseguiu identificar como a propina do esquema teria chegado até a cúpula do Detran. O desafio agora é verificar quem eram os outros beneficiários do dinheiro que era entregue no flat. Testemunhos indicam que os encontros no local eram periódicos.

Maciel, ex-diretor-geral da Assembléia Legislativa e que até ser preso era diretor administrativo da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), consta da investigação da PF como diretamente ligado a Vaz Netto. Era no flat dele que a entrega dos valores ocorria, segundo a PF.

Para sustentar que dentro da pasta preta havia dinheiro a PF tem, além da confissão de Höher, informações obtidas por meio do monitoramento de ligações telefônicas e de e-mails, além de imagens. Conforme federais, as imagens da chegada da pasta no flat, cruzadas com ligações nas quais os envolvidos tratam do pagamento de valores e ainda com o teor de e-mails são uma reunião de indícios que apontam para a realização da negociata naquele local. Maciel permanece preso.

Höher, segundo apurou a investigação, é o homem de confiança da família Fernandes, dona da Pensant Consultores. Foi na Pensant que os federais apreenderam R$ 175 mil. Dos 13 presos na operação, cinco seguiam recolhidos à carceragem da PF até a noite de ontem. Eles devem ser libertados até quinta-feira, quando expira o prazo da prisão temporária, que já foi prorrogado pela Justiça Federal a pedido da PF.

A PF também apura se parte do grupo investigado pela fraude do Detran está envolvida no desvio de recursos públicos do Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), do governo federal. Por meio do monitoramento dos suspeitos, os policiais federais obtiveram indícios de que o grupo estaria manuseando indevidamente esses valores em Canoas.

A PF aguarda informações de Brasília para abrir inquérito relacionado ao Projovem.

*Colaborou Francisco Amorim

 
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