Depois da polêmica envolvendo investimentos da Petrobras na Bolívia no ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nessa segunda-feira, dia 5, que estatal retome os negócios no país vizinho para garantir o abastecimento de gás natural no mercado brasileiro. As negociações começam nesta terça-feira, dia 6, em um encontro entre o presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, e bolivianos.

– Todos nós sabemos que a Petrobras tem que fazer os investimentos para que a gente possa ter mais garantias de que a Bolívia vai ter mais gás para exportar não apenas para o Brasil, mas para seu uso interno e para a Argentina – disse Lula.

Até o governo de Evo Morales decidir pela nacionalização dos hidrocarbonetos, a Petrobras era a maior empresa no país vizinho e controlava os maiores volumes de produção e comercialização de gás natural, gasolina e diesel. Também enviava diretamente para o Brasil quase 28 milhões de metros cúbicos diários de gás natural. Após a perda de suas duas refinarias - compradas por Morales por cerca de US$ 112 milhões - , a Petrobras selou sua saída do setor dos hidrocarbonetos na Bolívia, permanecendo apenas como operadora.

Em conversa telefônica nessa segunda, Lula acertou com Morales uma visita a La Paz em 12 de dezembro para discutir também a questão do gás natural. Em 15 minutos, o brasileiro mencionou a possibilidade de retomar projetos de industrialização do gás boliviano, disse o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach.

Lula disse a Morales, de acordo com o relato do porta-voz, que pretende também levar à Bolívia uma comitiva de empresários para avaliar estratégias de investimentos no país. A expectativa é que a situação de carência de gás no Brasil, leve o Planalto a reduzir a sua margem de atendimento de reivindicações dos bolivianos, sendo menos benevolente do que foi de outras vezes. Apesar de afirmar que não há risco de desabastecimento de gás natural no Brasil, o presidente afirmou que terá de estabelecer áreas prioritárias.

– Estamos fazendo o que precisa ser feito para que o Brasil tenha tranqüilidade energética num futuro bastante longo. Lógico que nós temos que dar prioridade para alguma coisa, ou seja, na medida em que o Brasil não tem dentro do seu território gás que nós necessitamos e nós precisamos importar gás, obviamente que o Brasil tem que priorizar – prosseguiu.

Lula disse que os investimentos são para garantir, também, o abastecimento de GNV para os automóveis.

– O Brasil vai ter que garantir o funcionamento das termelétricas porque é para produzir energia para a sociedade brasileira. Depois, você tem as indústrias e depois vocês têm os carros. Ninguém colocou um tamborzinho de gás no carro porque quis, obviamente, houve um incentivo para que eles fizessem aquilo. Portanto, nós vamos ter que fornecer às pessoas que já têm e garantir a tranqüilidade – afirmou.

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