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 | 01/07/2007 09h00min

Ministro japonês se desculpa por justificar uso de bomba atômica

Fumio Kyuma descartou em entrevista a uma televisão local a possibilidade de renunciar

O ministro da Defesa japonês, Fumio Kyuma, se desculpou hoje por ter justificado que os Estados Unidos lançassem duas bombas atômicas sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial para evitar que a União Soviética invadisse o país, informou a agência de notícias Kyodo.

Kyuma se retratou publicamente por suas palavras em virtude das imediatas críticas suscitadas tanto nas fileiras do Partido Liberal Democrático (PLD), do qual faz parte, quanto nos partidos da oposição e nas entidades de vítimas das bombas de Hiroshima e Nagasaki.

– Lamento que meus comentários dessem a impressão de que menosprezava as vítimas da bomba atômica – assegurou o ministro em Nagasaki, sua própria terra natal.

Kyuma descartou em entrevista a uma televisão local a possibilidade de renunciar, como tinha sugerido a oposição. Ele acrescentou que se suas palavras foram "mal interpretadas", ele estava disposto a "explicá-las convenientemente".

As declarações ameaçam se transformar em nova dor de cabeça para Shinzo Abe, justo no início da campanha eleitoral para as eleições parciais ao Senado em 29 de julho. O primeiro-ministro do Japão atravessa um dos piores momentos de sua gestão, segundo todas as pesquisas de popularidade.

Entre outras questões, o gabinete se viu afetado por vários escândalos políticos, como as supostas irregularidades na contabilidade do sistema de previdência pública e o suicídio do ministro da Agricultura, Toshikatsu Matsuoka, investigado por corrupção.

No sábado, durante uma conferência na Universidade de Kashiwa, no centro do país, o ministro da Defesa assegurou que foi "inevitável" que os EUA lançassem duas bombas atômicas sobre o Japão durante a Segunda Guerra Mundial com o objetivo estratégico de evitar que a União Soviética, uma vez finalizada a guerra na Europa, entrasse na batalha do Pacífico.

Kyuma explicou que entendia que as bombas, que causaram cerca de 300.000 mortos, tinham conseguido "acelerar o final da guerra", mas se mostrou convencido de que os EUA teriam vencido mesmo sem recorrer a elas.

– Não guardo nenhum rancor dos Estados Unidos – acrescentou.

Além disso, Kyuma refletiu sobre o contexto internacional após a Segunda Guerra Mundial e a ocupação do Japão pelos EUA e afirmou que "seria preciso discutir se algo assim (a bomba atômica) pode ser uma opção".

Não é a primeira vez que o ministro põe o gabinete em saia justa com suas declarações. Em janeiro, Kyuma afirmou que o presidente americano George Bush tinha tomado uma decisão "errônea" ao iniciar a guerra no Iraque.

AGÊNCIA EFE
 
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